segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Manuel António Pina





O Têpluquê e outras histórias
Textos de Manuel António Pina 
Com ilustrações de Bárbara Assis Pacheco
Assírio & Alvim

Manuel António Pina faria hoje 70 anos. Quanta falta nos faz!



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Recomeço

Após um interregno demasiado longo, recomeço exatamente onde acabei.
Do excelente encontro "Ler e Formar Leitores para o século XXI - Desafios digitais", guardo muitas intervenções interessantes e inspiradoras: a reflexão de Anabela Martins, com referência aos estudos internacionais mais recentes sobre a leitura digital e o leitor do futuro; o exemplo da Teresa Pombo e das suas  fantásticas Viagens Literárias ; a informação atualizadíssima sobre e-books que nos trouxe o Carlos Pinheiro; o projeto "Venham lá os exames!", do Agrupamento de Escolas da Vidigueira; as questões acerca da formação dos leitores do futuro e dos mediadores de leitura necessários para o efeito colocadas pela Maria do Sameiro Pedro; e, por último, a entrega e a generosidade de Cristina Taquelim que nos falou nos mais recentes projetos de mediação leitora da Biblioteca Municipal de Beja junto dos mais desfavorecidos e nos "desarrumou" com este seu texto (cito Fernando Pinto do Amaral, comissário do Plano Nacional de Leitura, que no início do encontro dissera "Aquilo que é importante na vida desarruma-nos"):


Aqui deixo o texto, cedido pela própria Cristina, a quem agradeço enormemente e peço perdão pela fraca qualidade do meu vídeo!

"Sei de uma casa que está sempre aberta e tem tantas portas e janelas como as emoções e os afetos que a vida nos desperta.
É uma casa imensa, onde se sente, onde se pensa. Uma casa onde se batalha para acordar o prazer de ler, ouvir e contar.
Nesta casa cruzam-se muitas histórias - as dos objetos e das pessoas que a habitam - e dentro delas, milhões de frases, biliões de palavras, triliões de letras todas alinhadas, prontas para serem celebradas.
Apesar de ser feita de matérias delicadas: palavras, afetos e memórias, consegue resistir ao temporal dos dias ou à solidão das horas.
Dentro dela descubro os lugares que nunca visitei, expresso o que penso, o que sinto, o que sei. Nela me acrescento, me encontro, aprendo.
Sei que também eu a posso habitar. Posso escutar os seus ecos, mirar-me nos seus espelhos, perder-me, caminhar.
Dizem-me às vezes:- Isso não existe.
Eu insisto e continuo a acreditar que existe uma casa assim!... um lugar onde cabem todas as representações humanas, um lugar de ler, de pensar, de expressar, emoções e utopias.
Um lugar de SER e também de MUDAR …todos os dias, numa viagem sem fim,
feita por dentro

de mim."
Cristina Taquelim

terça-feira, 2 de julho de 2013

O que é a Leitura? Implicações do digital nas práticas e formação de leitores

Tem lugar amanhã, em Évora, o Encontro Ler e Formar Leitores no século XXI - Desafios digitais, organizado pela Coordenação Interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares, DGEstE- Direção de Serviços da Região Alentejo e Centro de Formação de Professores Beatriz Serpa Branco. Às 11h irei participar no painel  "O que é a Leitura? Implicações do digital nas práticas e formação de leitores", juntamente com Teresa Pombo (EBI Carlos Gargaté / Almada Forma - CFECA), José Calixto (Biblioteca Pública de Évora) e Carlos Pinheiro (CIBE RBE). Agradeço à Maria José Palmeira (CIBE RBE) o convite e a excelente oportunidade para refletir acerca da minha prática enquanto mediadora de leitura e acerca da experiência com o Cata Livros em 2012 e 2013.


Poderá acompanhar o evento ao vivo aqui: 
 http://lereformarleitores.drealentejo.pt/site/index.php/evento-ao-vivo.html

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Boas leituras para as férias I

Durante todo o ano, mas, sobretudo, quando se aproximam as férias grandes, muitas mães me interrogam sobre boas leituras para os seus filhos. Visto que recebi mais dois e-mails com pedidos desse género, aqui vai a primeira parte de uma lista de bons livros para os próximos três meses.

Para levar na bolsa da praia nos dias de calor: 
Livros de Imagens
Começo com 4 livros de que gosto muito e que utilizo numa das sessões do projeto "Grandes Histórias para Pequenos Leitores". Três deles são livros de imagens ou picture books. Especiais, porque requerem uma leitura ainda mais ativa, mais participada, do que os livros com palavras.  Porque os leitores os reinventam de cada vez que os folheiam.
Estas são leituras escolhidas para serem construídas em conjunto, por pais e filhos, partilhadas nos dias mais compridos do Verão, perfeitos para conversas cúmplices, olhares atentos aos livros e ao mundo que nos rodeia. Juntei ideias para ampliar o contacto com estes livros, para quem as quiser aproveitar. Boas leituras!


Onda, Suzy Lee, GATAfunho.
Um livro lindo para todas as idades. Conta a história de uma menina que vê o mar pela primeira vez. Sem palavras. Apenas com as ilustrações da coreana Suzy Lee, que desenha todas as emoções deste encontro a carvão e com uma única cor, o azul. 
Aqui a animação do livro:




Um  dia na praia, Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina
Do site da editora: "Um dia na Praia" é um livro de imagens, um livro aberto que convida a múltiplas leituras. Não se destina a leitores jovens ou menos jovens, mas sim a todos aqueles que gostam de ilustração, de uma boa história, de ler, contar e recontar, independentemente da sua idade ou capacidade de leitura"

Espreite aqui o audiolivro criado pela jornalista Rita Pimenta ou aqui as excelentes propostas de exploração para pais e educadores elaboradas pela editora.



Praia- Mar, Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina.
O Bernardo Carvalho, surfista nos tempos livres, tem uma paixão enorme pelo mar. Criou um segundo livro passado numa praia. Daqui vê-se a maré a subir e o azul a invadir as páginas.


O último livro de hoje é um atividário: livro de atividades + abecedário. Excelente para os pequenos exploradores e cientistas.

 
Mar, Ricardo Henriques (textos) e André Letria (ilustrações), Pato Lógico.



Eis o book trailer:


Nos próximos dias irei publicar mais sugestões de leituras agrupadas por temas ou idades. Entretanto, aqui ficam as sugestões publicadas na revista Visão Junior, pela jornalista Sílvia Souto Cunha: 10 Livros para as crianças lerem nas férias .

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ler e Formar Leitores no século XXI: desafios digitais

Terminam hoje as inscrições para:

              
O Encontro Ler e Formar Leitores no século XXI – desafios digitais, visa a criação de um espaço de apresentação e partilha de ideias em torno das problemáticas que hoje rodeiam as questões da convergência entre a leitura e o digital junto dos mais jovens e os desafios colocados aos educadores, mediadores de leitura, media e famílias em relação com os seus processos de formação leitora.
De facto, ao mesmo tempo que suportes e modos de expressão e de comunicação passam cada vez mais pelo universo do digital, da web e das redes sociais, a leitura continua a crescer como prática social, mantendo o seu estatuto de principal meio de informação, aprendizagem, construção de conhecimento e participação social entre as gerações mais jovens.
Este ato de ler (e escrever) constitui-se, contudo, como um fenómeno novo, abarcando todos os tipos de textos e media e implicando processos intelectuais e cognitivos muito distintos dos exigidos pela leitura intensiva e linear tradicional.
Esta complexidade e multiplicação de modos e oportunidades de aproximação à leitura aumentam a responsabilidade da escola (e da biblioteca escolar) na criação de boas práticas de leitura e no desenvolvimento de competências leitoras e de informação, não só em relação à leitura didática como em relação à leitura de entretenimento e prazer.
Simultaneamente, o uso de tecnologias participativas facilita o contacto dos jovens com a escrita, obrigando a repensar os modos como se desenvolve o trabalho de formação destes novos leitores-autores.

Objetivos

- Aferir dos impactos dos novos recursos e equipamentos tecnológicos nas práticas e hábitos de consumo cultural e de leitura dos jovens.
- Refletir sobre as questões atualmente colocadas à mediação leitora e à formação de leitores críticos e competentes, tendo em conta o domínio dos novos ambientes digitais.
- Reconhecer os desafios e problemáticas associadas ao papel e responsabilidade social de pais, educadores, mediadores de leitura e media na Era Digital.
- Perspetivar possibilidades e vias de desenvolvimento das bibliotecas escolares no sentido da atualização e adaptação das suas estratégias e práticas aos contextos de informação e comunicação do presente.

Programa

Manhã
9:00h – Receção aos participantes
09:30h - Abertura (Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares/ Direção de Serviços da Região Alentejo/ Câmara Municipal de Évora)
10:00h – Conferência – Ana Bela Martins (Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares)
Moderador – Carmo Pato
11:00h – Painel: "O que é a leitura? Implicações do digital nas práticas e formação de leitores"
   - Teresa Pombo (Agrupamento de Escolas Carlos Garbaté/ AlmadaForma-CFECA)
   - José Calixto (Biblioteca Pública de Évora)
   - Paula Cusati (Projeto Cata Livros – Fundação Calouste Gulbenkian)
   - Carlos Pinheiro (CIBE RBE)
12:30h – Debate
Moderador – Maria José Palmeira
Tarde
14:30h – Apresentação: Uma boa prática... "Venham lá os exames"

   - Cristina Ramos - Professora Bibliotecária do Agrupamento de Escolas da Vidigueira

Moderador - Maria José Alves
15:15h – Painel: "Competência leitora: que leitores temos? Que leitores queremos ter?"

   - Fernando Gameiro – (Agrupamento de Escolas nº 2 de Évora - Coordenador RBev)

   - Vítor Encarnação – (Agrupamento de Escolas de Ourique)
   - Cristina Taquelim – (Biblioteca Municipal de Beja)
   - Maria do Sameiro – (Instituto Politécnico de Beja/ ESE Beja)
16:45h – Debate
Moderador – Elsa Conde
17:00h - Apresentação do livro "O que vês dessa janela?"

   - Raquel Faria - Museu da Luz

17:15h – Encerramento (Plano Nacional de Leitura/ Direção de Serviços da Região Alentejo/ Coordenação Interconcelhia RBE)



quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ainda Isol!


A apresentação da autora e das suas obras. Exibido durante a entrega do prémio ALMA, em Estocolmo, a 27 de Maio de 2013.

sábado, 1 de junho de 2013

Isol e a Importância da Ilustração

Na cerimónia de entrega do Prémio ALMA 2013, há poucos dias, a vencedora Isol destacou a importância das ilustrações:

"Estou feliz por este prémio dar relevância àqueles que pensam na ilustração como uma linguagem rica, profunda, uma linguagem com uma voz própria. Nos livros ilustrados  podemos contar muitas coisas através das cores, linhas, formas e isso, por sua vez, permite que o texto respire em liberdade.

Na realidade, creio que não devo colocar limites à minha imaginação só porque é um livro para crianças, pelo contrário! Que leitor poderia ser mais exigente do que uma criança? As crianças têm muito para descobrir e é melhor que eu esteja ao nível delas de modo a poder satisfazer a sua enorme curiosidade."




terça-feira, 26 de março de 2013

ALMA 2013


Quando, em 1944, Astrid Lindgren terminou Boken om Pippi Långstrump, tinha revolucionado a literatura infanto-juvenil europeia. Criara uma personagem que contava a infância e o mundo de forma aberta, inovadora, catapultando a ideia de que os livros para crianças tinham que ter bons exemplos, famílias impecáveis e perfeitas, finais moralizantes. Logo na primeira página, descobrimos que Pipi das Meias Altas “tinha nove anos e vivia sozinha: não tinha nem pai nem mãe, o que, afinal, não era assim tão terrível se pensarmos que assim ninguém a mandava dormir nem lhe dava óleo de fígado de bacalhau quando ela queria rebuçados!” Costurava a sua roupa, cozinha a sua comida, era livre e forte, capaz de lutar com polícias e serpentes! E não queria crescer…
Astrid Lindgren faleceu em 2002, com 94 anos. Mas as suas histórias viverão para sempre. Para honrar a sua memória, o governo sueco decidiu criar o Astrid Lindgren Memorial Award, (ALMA), o mais importante prémio a nível mundial atribuído à literatura infanto-juvenil, no valor de 5 mil coroas suecas, destinado a premiar escritores, ilustradores, narradores orais ou instituições ligadas à promoção da leitura. O seu objetivo é promover o interesse pela literatura infanto-juvenil e fortalecer os direitos das crianças em todo o mundo.

Desde a sua criação, os vencedores foram Maurice Sendak e Christine Nöstlinger (2003), Lydia Bojunga (2004 – a escritora brasileira foi a única premiada lusófona), Philip Pullman e Ryôji Arai (2005), Katherine Paterson (2006), Banco del Libro (2007), Sonya Hartnett (2008), Tamer Institute (2009), Kitty Crowther (2010), Shaun Tan (2011) e Guus Kuijer (2012).
Este ano, houve 207 candidatos de 67 países do mundo inteiro. Entre eles encontramos nomes tão importantes e díspares como Aidan Chambers, Allan Ahlberg, Maurício Leite, Wolf Erlbruch, Eric Carle, Nati per Leggere, Katsumi Komagata, Tokyo Children’s Library,  IBBY International. Os candidatos portugueses são António Torrado e Planeta Tangerina, nomes que em nada ficam atrás dos anteriormente mencionados.
O vencedor foi anunciado há pouco diretamente de Vimmerby, onde Astrid Lindgren nasceu, e transmitido através da Feira do Livro Infantil de Bolonha para todo o mundo: é a ilustradora argentina ISOL!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Livraria Giannino Stoppani, Bolonha

Há lugares que ocupam no nosso imaginário inteiros continentes. Lugares inspiradores, que nos enchem de sonhos, de viagens e de ideias, ainda que os conheçamos só de nome. A livraria Giannino Stoppani, dedicada exclusivamente à literatura para a infância e juventude, em Bolonha, é, para mim, um desses lugares.  
A “Libreria per Ragazzi Giannino Stoppani” foi fundada na década de 80 por um grupo de jovens mulheres e pedagogas. Rapidamente alargou a sua atividade, tornando-se uma cooperativa cultural e editora empenhada na formação e na curadoria de exposições (e catálogos) internacionais. Criou ainda a “Accademia Drosselmeier Scuola per librai e giocatolai” e o “Centro Studi di Letteratura per l’Infanzia”. Festeja este ano o seu 30º aniversário.



Pois ontem, abri finalmente esta porta e entrei nela de verdade, pela primeira vez. Levava comigo uma lista de livros que sabia que só ali iria encontrar. Encontrei praticamente todos esses e ainda trouxe mais alguns que nem sabia existirem e que me deixaram encantada!

Na semana da Fiera Internazionale del Libro per Ragazzi di Bologna, esta livraria organiza inúmeras atividades culturais e é lá que se encontram todos os livros que se descobriram e não se puderam comprar na Feira. Para a semana, vai estar a abarrotar, mas eu encontrei-a  com poucos  clientes, maravilhados, como eu, pela beleza dos seus livros.
Repararam na edição italiana de Nunca vi uma bicicleta e os patos não me largam, na foto aqui em cima? Chama-se Pedali e Papere. Aliás, o Planeta Tangerina é a editora portuguesa com maior presença na livraria Giannino Stoppani: muitos os livros em língua original e todos aqueles que já foram traduzidos para italiano.
Ontem, 19 de Março, dia do Pai, numa das montras, foi tão bom encontrar o Pê de Pai, de Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho!

A verdade é que lá se encontra o melhor do que se vai fazendo em matéria de literatura infanto-juvenil em todo o mundo.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Livros com Livros: Chocolata

Gosto muito deste livro de Marisa Nuñez e Helga Bansch, publicado pela OQO. 

                         

Por vários motivos:
a) Conta uma viagem redonda de uma "hipopótama" bem redondinha;
b) As ilustrações de Helga Bansch brincam de tal forma com as palavras de Marisa Nuñez que criam uma narrativa paralela;
c) É um livro com livros dentro!

Quando a Chocolata entra numa livraria para comprar uma prenda para o seu amigo Teófilo, os livros da montra são os livros da editora OQO: 




Acaba por escolher o livro que a leva de volta à selva africana.
E é esse mesmo, o Chocolata, que embala o final da história!


d) É uma das histórias que faz parte do espetáculo de narração oral com música que desenvolvo com o grande Fernando Malão, "Histórias com Música".

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Se Eu fosse um Livro

                                       
Se Eu fosse um Livro, José Jorge Letria e André Letria, Pato Lógico  Edições
                                            


"Se eu fosse um livro, 
havia de saber de cor todas as histórias
que morassem nas minhas páginas."

"Se eu fosse um livro,
gostava de ser uma janela aberta
para a imensidão do mar."

"Se eu fosse um livro,
gostava de tornar livre e indomável
o leitor que me escolhesse."


Para ver e ouvir (lido em voz alta por José Jorge Letria) aqui .



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

No Bosque do Espelho

No Bosque do Espelho, Alberto Manguel, D. Quixote.

" Ao acasalarmos palavras com experiência e experiência com palavras, nós, leitores, filtramo-nos através de histórias que ecoam uma experiência ou que nos preparam para  ela, ou que nos falam de experiências que jamais serão nossas (como todos sabemos demasiado bem) excepto na latência da página. Assim, o que cremos que um livro é remolda-se com cada leitura. Ao longo dos anos, a minha experiência, os meus gostos, os meus preconceitos alteraram-se: com o passar dos dias, a minha memória continua a remexer as estantes, a catalogar, a descartar os livros da minha biblioteca; as minhas palavras e o meu mundo - à excepção feita a poucos marcos constantes - nunca são exactamente is mesmos." (p.15)

"Aproximo-me se uma obra de arte com a minha bagagem de história e de geografia, mas a bagagem que trago está sempre a mudar e permite-me ver outra coisa na obra, quase todas as vezes." (p. 127)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um peixe vermelho

Um livro pequeno, precioso, vermelho.  A capa é de um quase tecido. Objeto delicado. Despretensioso, por isso, nem tem sobrecapa. Não necessita de proteção, nem de decoração.



el pez rojo, de Taeeun Yoo. Tenho a edição da kalandraka, em espanhol. 

Tudo nele é lindo! As guardas, a página de rosto:


Um menino vai com o avô para uma biblioteca muito antiga no meio da floresta onde este trabalha. Leva consigo o seu peixe vermelho. 
Explora cada canto, cada estante, cada livro da biblioteca. Até que adormece.... Quando abre os olhos, a biblioteca repousa envolta nas sombras e no silêncio. Assustado, à luz da lua, o menino começa a ler um livro ao seu peixinho. Mas, quando levanta os olhos do livro, vê que o peixe desapareceu!
Procura-o por todas as estantes, por todos os cantos, por todas as salas da biblioteca, até que vê algo pequeno e vermelho mesmo lá em cima, por entre os livros. Encontra um livro velho cheio de pó e quando o abre, acontece algo extraordinário.



A partir daqui a história prescinde das palavras e as ilustrações transmitem toda a magia que nasce dos livros. As tonalidades sépia dominam, salpicadas apenas pelo vermelho do peixe ou do livro.


Mise en abyme. O livro dentro do livro. Perfeito. 

O menino encontra o peixe. A realidade abraça a ficção. E é hora de regressar a casa. 


Mas o livro ganha um lugar especial na biblioteca e ali fica, à espera de novas leituras, de novas aventuras.






segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Os Livros e a Sopa

A hora da sopa é, muitas vezes, sinónimo de birras, impaciência e zangas. Creio que os livros são uma excelente maneira  de os levar a  compreender a importância deste alimento e de ajudar os pais / professores a desmistificar tantos problemas.
Aqui vão algumas sugestões de leitura:

27 Histórias para comer a Sopa, Pablo Bernasconi e Ursula Wölfel, Kalandraka.  Estes contos breves e cheios de humor são perfeitos: duram o tempo de um prato de sopa!

A Sopa Verde, Chico, Ambar, vai oferecer-vos muitas gargalhadas! Imaginem um porquinho que não gosta de sopa verde e que obriga o pai a preparar-lhe sopa de... laranja ... morango... chocolate...


Ssschlep, Eugénio Roda e Gémeo Luís, Edições Gémeo. No Cata Livros, para além de uma sinopse da história, se clicarem em brincar +, poderão folhear o livro, ouvir a história em voz alta, ver a entrevista a um dos autores, jogar e muito mais.


 A Sopa Queima, Pablo Albo e André Letria, OQO Editora. Quantas histórias por causa da temperatura da sopa!

Eu nunca na vida comerei tomate (com Charlie e Lola), Lauren Child, Oficina do Livro. Neste livro divertido, Charlie consegue convencer a sua irmãzinha Lola de que o que está no prato não são ervilhas "excessivamente pequenas e demasiado verdes", mas "rebuçados verdes da Verdelândia", nem é puré de batata, mas "uma nuvem do pico mais alto do Monte Fuji"!


Come a Sopa, Marta!, Marta Torrão, O Bichinho de Conto. Na Casa da Leitura, encontra uma sugestão prática para uma atividade em redor deste livro.


Vegetable glue, Susana Chandler e Elena Odriozola, meadowside Children's Books.   Este é um livro que ainda não está editado em Portugal, mas para quem domina a língua inglesa e, como eu, adora as ilustrações da Elena Odriozola, é imperdível!

 

E que tal levar o seu filho para a cozinha e ensiná-lo como é divertido misturar os ingredientes e criar pratos deliciosos?
Com a ajuda de Contos de Fadas Deliciosos, com receitas para crianças, Histórias recontadas por Jane Yolen, Receitas de Heidi E.Y. Stemple, Ilustrações de Philippe Béha, Círculo de Leitores, poderão preparar "panquecas fugitivas", "sopa da pedra" ou "as maçãs assadas da Branca de Neve".

Não perca também A Que  Sabe Esta História?, Alice Vieira, Vitor Sobral (uma receita por conto) e Carla Nazareth, Oficina do Livro.

Em Escolinha de Culinária, de Amanda Grant, MEL Editores, as receitas estão organizadas por níveis de dificuldade: Nível 1 (3 aos 5 anos), Nível 2 (5-7 anos) e Nível 3 (7-11 anos). As crianças podem ir ganhando cada vez mais autonomia na cozinha, enquanto se divertem a preparar comida saudável e saborosa. Cá em casa, uma das receitas preferidas do nosso pequeno cozinheiro é:

sopa minestrone fácil

Hummm! Deliciosa!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Uma Cidade de Livros

Gosto de livros. Gosto de livros sobre LIVROS.
Às quintas-feiras, trarei aqui um desses livros ou, como hoje, um vídeo em que os livros sejam os protagonistas:

  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Importância da Leitura no Colégio Campo de Flores

Na semana passada, "A Importância da Leitura para o Desenvolvimento Emocional, Cognitivo e Criativo da Criança" viajou até ao Colégio Campo de Flores, em Lazarim, na Charneca da Caparica. A convite da Dra Susana Cheis, que coordena o Centro de Desenvolvimento do Colégio, responsável pela organização das Tertúlias Consigo, eu e a minha mala carregada de livros fomos generosa e carinhosamente recebidas num destes momentos de reflexão, partilha e debate.



Esta sessão para pais e docentes teve uma maior participação por parte destes últimos. Educadores e professores  interessados nas questões da Leitura, numa escola em que (como me informaram a Coordenadora do Pré-Escolar e o Dr. João Rafael Almeida, Diretor do Colégio) existem Clubes de Leitores deste o Jardim-de-Infância até ao Secundário. Sim, é possível! Fiquei maravilhada pela descrição da Educadora Maria do Rosário!
No final, alguns pais presentes fizeram comentários pertinentes e pediram ainda mais sugestões de leitura específicas para as suas famílias. Aqui no blogue, no Facebook ou por e-mail, sei que as nossas conversas vão continuar! Um abraço a todos!

Ler constrói Comunidade


Um dos momentos por que espero todos os meses é a noite em que nos encontramos para falar de livros. Somos um grupo de pessoas das mais variadas proveniências, idades e profissões, que desde Novembro de 2011 reúne para partilhar leituras, pontos de vista, pequenas epifanias. Somos cerca de 15 pessoas que, ao aceitarem o convite da Quadricultura Associação, tiveram, e têm, a oportunidade de construir comunidade através da literatura.


Há uma semana teve lugar mais um dos encontros dedicados à discussão da obra de Pessoa. Provou-se mais uma vez que a partilha das nossas leituras com os outros conduz sempre a uma profundidade maior das mesmas e a uma descoberta sempre renovada e fecunda dos autores discutidos.
Iniciámos a sessão com a leitura deste texto de António Basanta Reyes, Diretor geral e vice-presidente executivo da Fundación Germán Sánchez Ruipérez, que aqui vos deixo (minha tradução, perdoem! Aqui, o original):


«LER JUNTOS (Janeiro 2013)
Já noutras ocasiões abordei o papel estruturante e sociabilizador que o exercício da leitura possibilita e constrói. Pode parecer paradoxal, pois o ato de ler costuma ser uma experiência individual, por vezes solitária.
É certo que a leitura, para melhor ser desfrutada e compreendida, requer a construção de um espaço de intimidade. De um certo isolamento do que nos rodeia para que assim a comunicação entre quem lê e o que é lido seja o mais intensa possível. E para que o que repousa inanimado no texto, ou em qualquer outra expressão capaz de ser lida, ganhe prodigiosamente vida, num sortilégio que requer a totalidade das nossas capacidades intelectuais. Poucas outras atividades pressupõem um envolvimento pessoal maior do que a leitura. Porém, esta ideia não anula, antes potencia outra qualidade da leitura, aquela a que nos referíamos no início deste texto.
Quem lê, constrói comunidade. A que gera com quantos habitam o que foi lido. A que se estabelece com géneros, temáticas e autores.
Mas também, e de que maneira, a que nos permite partilhar a nossa experiência leitora com outros leitores. Algo que não só amplia extraordinariamente o eco do que foi lido, mas que também, como tão bem provam os estudos do prof. Emílio Sánchez Miguel, estabelece o hábito, consolida de forma fidedigna e evidente a compreensão do que foi lido e gera laços de identidade com todos os que tenham partilhado a travessia do ato de ler. Porque a leitura, como a de Ulisses, é sempre uma viagem com regresso.
E penso tudo isto depois de ter vivido uma experiência inesquecível: a reunião, há algumas semanas, na Casa del Lector, de centenas de promotores e participantes de comunidades de leitores de toda a Espanha. Pessoas que partilham uma paixão; à maneira orteguiana, uma missão. Cidadãos, muitas vezes anónimos, verdadeiros protagonistas da construção cultural do nosso país.
“Lemos para saber que não estamos sós”, disse um dia o professor Clive Staples Lewis, autor das inesquecíveis Crónicas de Nárnia.
Um bom lema para definir a razão de ser, a finalidade das comunidades de leitores.
E também da leitura em si mesma.»


Esta citação de C.S. Lewis acompanha-me desde a criação da primeira Comunidade de Leitores que dinamizei, em Janeiro de 2009. Guardo-a com muito carinho: é tão bom saber que lemos juntos! Obrigada a todos os que já passaram pelos nossos encontros! E a quem se quiser juntar a nós...