quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Manuel da Fonseca


Manuel da Fonseca, escritor da minha cidade, Santiago do Cacém, faria hoje 104 anos. É e será sempre um dos meus autores preferidos. Foi, por isso, um privilégio conceber a programação anual da Biblioteca Municipal com o seu nome no centenário do seu nascimento, em 2011.  De todas as iniciativas que levámos a cabo, a mais significativa, a meu ver, foi a VIAGEM POR CERROMAIOR, o passeio histórico-literário pensado e dinamizado com o Gentil Cesário. Passeio esse que terminava sempre na colina do castelo com a leitura do poema

Maltês

Em Cerromaior nasci.

Depois, quando as forças deram
para andar, desci ao largo.
Depois, tomei os caminhos
que havia e mais outros que
depois desses eu sabia.

E tanto já me afastei
dos caminhos que fizeram,
que de vós todos perdido
vou descobrindo esses outros
caminhos que só eu sei.

Manuel da Fonseca, in Planície, 1941

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Rio de Contos: onde irão estas histórias desaguar?



No passado fim-de-semana, a Caparica e a Trafaria  receberam um Rio de Contos. O encontro de narração oral de Almada, muito bem pensado e organizado pela Laredo Associação Cultural e pela Câmara Municipal de Almada, saiu das habituais paredes onde se contam histórias. Foi uma honra contar ao lado da Cláudia Sousa (na Biblioteca Maria Lamas), das contadoras da Rede Municipal de Bibliotecas de Almada, (na Biblioteca da Trafaria) e da Ana Sofia Paiva e do Miguel Horta (no Mercado da Trafaria), no dia 26, sempre com o olhar cúmplice da Maria José Vitorino.
 

 
No jornal Público, o Miguel explica com sabedoria os alicerces deste encontro. Leiam com atenção e irão entender a felicidade de quem lá contou e ouviu histórias. Muito grata, guardarei na memória os contos escutados, os sorrisos e os abraços e a certeza de que as palavras desses dias desaguarão em mundos melhores.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XIX

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
 
 
O lobo não morde
Emily Gravett (trad. Carla Maia de Almeida)
Livros Horizonte, 2011

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Oficina de Leitura e Escrita


Nem sempre a escola consegue dar aos nossos filhos as ferramentas necessárias para compreenderem plenamente e elaborarem com correção diferentes tipos de textos. Para além disso, em sala de aula, a literatura é frequentemente reduzida à sua análise esquemática, sem o entusiasmo e o deslumbramento pelas palavras. Para grande parte dos alunos, ler enfada e a escrita provoca angústia. Por sua vez, quem gosta de ler e quer aprender a escrever melhor, nem sempre encontra na escola o estímulo da atenção e do trabalho relativamente ao próprio texto, na sua melhoria, até atingir o grau de beleza e expressividade pretendido.
 
Encarar a leitura e a escrita como um prazer, mas, sobretudo, como uma forma de sermos plenamente nós, com horizontes muito mais alargados, é um dos objetivos desta oficina. Pretende-se que este seja sempre um espaço de criatividade, de crescimento, de reflexão crítica. Cada aluno é como um artesão que trabalha com outros numa oficina de palavras. Não são esquecidas as metas curriculares de Educação Literária de cada ano de escolaridade, porém, a Oficina não replica o ensino da língua e da literatura tal como acontece na escola. Nunca há fichas!

 
Fornecendo sempre modelos de textos de autores, portugueses e estrangeiros, criteriosamente selecionados e adequados à maturidade leitora de cada grupo, criamos textos individuais, partilhando-os, discutindo-os, sem juízos de valor, mas com a clara noção do que pode ser melhorado e porquê. Assim, fica registado o processo de construção de cada texto, desde a ideia inicial até à pequena obra finalizada, passando por todas as reflexões, alterações e correções. A leitura leva à escrita e viceversa, num ciclo harmonioso e frutífero. As Oficinas acontecem semanalmente e estão pensadas como um todo articulado, de análise e progressão nas competências de leitura e escrita. Para além disso, cada aluno pode levar para ler em casa o livro que quiser de entre os muitos disponíveis na biblioteca do projeto. Livros esses escolhidos pela qualidade dos seus textos e ilustrações, pela sua variedade, pela representatividade dos melhores autores de literatura infantil e juvenil, e pela possibilidade de expansão dos textos e temas tratados na Oficina.

 
Retomo em Outubro a Oficina de Leitura e Escrita, confiante e feliz pelas provas dadas em 2014/2015: os alunos que a frequentaram regularmente leram bastante mais do que até então e, sobretudo, passaram a encarar o processo de escrita de forma mais consciente e decidida, mas, contemporaneamente, mais descontraída. A gradual apropriação da escrita enquanto mecanismo de questionamento e reflexão sobre si próprio, os outros e o mundo, fez com que os textos produzidos se tornassem cada vez mais fluídos e relevantes.

NOTA: A Oficina de Leitura e Escrita é também itinerante, podendo ser realizada de forma pontual em escolas (1º e 2º CEB e Ensino Secundário) e bibliotecas, ou como formação (para a implementação de um projeto continuado semelhante, com objetivos idênticos, adaptado ao contexto de cada instituição).

Informações: paula.cusati@gmail.com

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Os 10 direitos inalienáveis do leitor


Continuo com Pennac a reflexão sobre a leitura e sua promoção, partindo do ponto onde terminei com Rodari:

" O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo "amar"... o verbo "sonhar"...

Embora sejam sobejamente conhecidos, creio que nunca é demais repetir os seus


DIREITOS INALIENÁVEIS DO LEITOR

1. O direito de não ler
2. O direito de saltar páginas
3. O direito de não acabar um livro
4. O direito de reler
5. O direito de ler não importa o quê
6. O direito de amar os "heróis" dos romances
7. O direito de ler não importa onde
8. O direito de saltar de livro em livro
9. O direito de ler em voz alta
10. O direito de não falar do que se leu.

In Daniel Pennac, Como um romance, Edições Asa


Mas o melhor é reler todo o livro, não acham?

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Nove modos de ensinar as crianças a odiar a leitura!


Ainda a propósito de listas, lembro Gianni Rodari, professor, jornalista e escritor italiano. Autor de uma extensa e magnífica obra (praticamente desconhecida em Portugal) e vencedor do Prémio Andersen em 1970, descreve, com a sua característica ironia, a maneira como os adultos contribuem para o ódio à leitura neste texto de 1966 (do qual traduzi apenas alguns trechos), na esperança de que a leitura da sua listagem produza o desejado antídoto:


NOVE MODOS DE ENSINAR AS CRIANÇAS A ODIAR A LEITURA

1. Apresentar o livro como uma alternativa à TV.
(...) Psicologicamente, não me parece que negar um prazer ou uma atividade agradável (ou que se sente como tal, o que vem dar no mesmo) seja o modo ideal de fazer com que amem outra atividade: será, isso sim, a maneira de lançar sobre esta última uma sombra de aborrecimento e de castigo.

2. Apresentar o livro como uma alternativa à banda desenhada.
(...) na minha opinião, não há uma relação de causa-efeito entre a paixão pela banda desenhada e a ausência de interesse pelas "boas leituras".

3. Dizer às crianças de hoje que as crianças de antigamente liam mais.
O adulto tem frequentemente a tentação (e raramente lhe resiste) de louvar "o seu tempo", especialmente o tempo da sua infância que a sua memória pinta com cores alegres e apresenta como uma estação ideal. A memória é uma bajuladora e uma aldrabona de primeira ordem, mas é difícil apercebermo-nos disso. (...)

4. Pensar que as crianças têm demasiadas distrações.
(...) isso não depende do número e da qualidade das "distrações" (ou seja, das ocupações mais livres, e, por isso, mais amadas, e, por isso, mais ricas em termos de eficácia educativa), depende do lugar que o livro ocupa na vida do país, da sociedade, da família, da escola.

5. Atribuir às crianças a culpa de não gostarem de ler.
(...) Se procurarmos "porquês" menos cómodos do que a acusação prepotente dirigida às crianças, encontramos as culpas dos pais: há casas onde nunca entra um livro, existem milhares de licenciados sem biblioteca, há tantos pais que nem sequer lêem o jornal, e depois admiram-se de os filhos fazerem o que eles fazem. Há culpas públicas: da escola e do Estado; e existem as culpas da nossa cultura (...).

6. Transformar o livro num instrumento de tortura.
(...) O livro que entra na escola sob o esquema do aproveitamento escolar produz resultados meramente escolares: não se torna algo de belo e bom, de que se sente necessidade, mas uma coisa que serve ao professor para dar uma nota. A escola como tribunal, em vez de ser vida.
Assim, evita-se a dificuldade principal, que é a de fazer nascer a necessidade da leitura, que é uma necessidade cultural, não um instinto, como comer, beber e dormir, não algo da natureza."

7. Recusar-se a ler para a criança.
A voz da mãe, do pai (do professor) tem uma função insubstituível. Todos obedecemos a esta lei, sem o saber, quando contamos uma história à criança que ainda não sabe ler, criando, através da história aquele "léxico familiar" de que fala Natalia Ginzburg, no qual a intimidade, a confiança, a comunhão entre pais e filhos se exprimem de modo único e irrepetível. (...)
A história escrita é já o mundo: já não é o "léxico familiar", é contacto com uma realidade mais vasta, conhecida através da fantasia, que nas crianças é como um terceiro olho (...).

8. Não oferecer uma escolha suficiente.
(...) a pequena biblioteca, pessoal ou coletiva, é indispensável (...) para que possa suscitar curiosidades diversas, satisfazer ou estimular diferentes interesses, responder às mudanças de humor, à evolução da personalidade, da formação cultural, da informação. (...)

9. Mandar ler.
(...) É indubitavelmente o mais eficaz se queremos que as crianças aprendam a odiar a leitura. Garantido a cem por cento. Facílimo de aplicar.
(...) uma lição que não esquecerá, ou seja, ler é uma daquelas coisas que temos que fazer porque os adultos mandam, um daqueles males inevitáveis relacionados com o exercício da autoridade por parte dos adultos. Mas assim que nós formos grandes também, assim que formos adultos, assim que formos livres...
Visto a posteriori , isto é, pelo número de adultos legalmente alfabetizados que, assim que saem da menoridade, não lêem mais nenhuma linha, este deve ser, de todos os sistemas, o mais difuso (...)

in Gianni Rodari, Scuola di Fantasia, Einaudi, 2014

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

As fichas de leitura, esse presente envenenado

A escrita do  "Decálogo para fomentar o amor pela leitura" levou-me à reflexão sobre outras listas e textos que têm sido norteadores do meu caminho como mediadora de leitura. No ponto 4, "Abandona as fichas de leitura, esse presente envenenado", pensei obviamente no texto da autoria de Leonor Riscado e Rui Marques Veloso (que tive a sorte de ter como professores de Análise Textual na 1ª Pós-Graduação em Livro Infantil). Partilho aqui esse texto, mais atual do que nunca, vista a avalanche (motivada certamente pelas metas de Educação Literária ditadas pelo Ministério da Educação) de edições de obras de literatura infantil acompanhadas desse "presente tóxico".


A LITERATURA INFANTIL NÃO PRECISA DE FICHAS

Por que motivo há livros para crianças com umas estranhas fichas no final, logo após o texto a ser lido? Será que os livros dirigidos aos adultos incluem fichas desta natureza? É claro que não! Tudo resulta de um grande equivoco entre a leitura de um texto literário para crianças e a necessidade que pais e professores sentem em avaliar a compreensão do texto em causa e/ou realizar prolongamentos do mesmo. Estamos perante um problema grave que exige reflexão da nossa parte. 
É hoje comummente aceite que o livro para crianças deve ser um objecto de arte e, por isso mesmo, possuir uma dimensão estética; o texto literário, a ilustração e o trabalho do designer gráfico formam um todo que vai ser fruído pelo jovem leitor, tantas vezes quantas o livro é aberto para puro gozo de quem saboreia uma iguaria. Este facto não anula, antes reforça, a apreensão de saberes que qualquer leitura oferece, o que representa uma mais-valia para um ser em construção. Toda a literatura, seja para adultos, seja para crianças, traz consigo uma vocação pedagógica, porque fala do mundo e contribui para que o compreendamos; nunca somos os mesmos após a leitura de uma obra. Com as crianças, tudo isto é facilmente visível, porque a polissemia do texto e da imagem vai alimentar o seu conhecimento linguístico, a sua capacidade de verbalização das emoções, a sua ligação afectiva aos outros. A cumplicidade que um livro gera entre o adulto e a criança leitora (aqui num sentido muito amplo, que inclui as que ainda não foram alfabetizadas) é fundamental para o desenvolvimento desta.
Há pais que, na ânsia de levar os seus filhos a níveis escolares de excelência, o que é natural, transformam os poucos momentos de que dispõem para brincar com as crianças em meros prolongamentos da escola, sacrificando esse espaço de ternura e de amor em nome de hipotéticos avanços cognitivos.  
Vemos, com frequência, que uma simples história vai ser pretexto para largos minutos didácticos e pedagógicos, transformando-se o pai (ou a mãe) num segundo professor, o que traz consequências negativas que não podem ser subestimadas. Interessará realmente verificar se a criança compreendeu a história? Para ela, o mais importante foram aqueles minutos mágicos em que o pai e/ou a mãe lhe leram a história, salpicada pelo olhar e voz doces que jamais esquecerá. E se não tiver compreendido alguma coisa, ela pergunta, porque uma criança não é idiota.
Há professores que vivem numa inteira dependência das fichas, reduzindo parte significativa do trabalho escolar à sua utilização em sala de aula. Se encontram um livro de narrativas com fichas de explicação dos textos, de aplicação de uma moral (?) ou de exercícios de vocabulário, ficam felizes, porque podem ocupar as crianças com essas tarefas. Trata-se de um terrível engano, pois a leitura recreativa dispensa fichas de interpretação ou de aplicação de conteúdos.
Certos editores, conhecendo estes pecados de pais e docentes, apostam nestas fichas na medida em que sabem que os livros se vendem mais facilmente. Está na altura de todos dizermos Não! As crianças merecem o nosso respeito e não podem ser enganadas com a conivência dos adultos responsáveis pela sua formação.
Os pais recorrerão aos livros para alimentarem momentos de amor e de humor, ajudando os filhos a descobrir o seu mundo interior e a compreender o meio envolvente – este é o segredo dos bons livros para crianças, livros que ajudam a crescer, de forma harmoniosa. Os professores, em nome da eficácia, distinguirão, de forma muito clara, o que e a leitura de puro prazer e recreio da leitura de trabalho, que exige esforço e alargamento de competências; neste caso, quando quiserem recorrer a questionários ou a outras ferramentas, farão as devidas opções que, somos levados a crer, não se coadunam com o estereótipo que tolhe a imaginação e a inteligência.
Por tudo o que foi referido, acreditamos que as escolhas de livros presentes nas listas do P.N.L., se pautarão pela observação atenta dos livros a serem escolhidos para as crianças, pondo de lado aqueles que trazem consigo um presente tóxico – a fichazinha.
Rui Marques Veloso
Leonor Riscado

Decálogo para fomentar o amor pela leitura (para professores)

Após uma longa pausa, recomeço com algo que me parece importante, dado o início iminente de um novo ano letivo e o regresso, esta semana, à escola da maior parte dos docentes. Este decálogo que vos deixo foi inspirado noutro da escritora Annalisa Strada que o partilhou aquando da sua comunicação em Março deste ano na Feira do Livro Infantil de Bolonha. Quando comecei a traduzir o texto da autora italiana, que se dirige aos alunos, apercebi-me de que o que eu queria publicar era outro decálogo. Baseei-me no seu, na estrutura e nas ideias, mas pretendi falar com os professores, sem os laivos sarcásticos do texto de Annalisa Strada. 


DECÁLOGO PARA FOMENTAR O AMOR PELA LEITURA

1. Lê, lê muito. Só assim farás com que leiam.
2. Lê sempre antes de dares a ler.
3. Não faças perguntas para saberes se leram, estás a perder tempo. Para isso, existem os exercícios do manual.
4. Abandona as fichas de leitura, esse presente envenenado.
5. Dá a ler mais do que os clássicos. Confia nos bons editores, no teu bom gosto e no dos teus alunos.
6. Não há géneros melhores do que outros. Varia bastante para que os teus alunos possam mais facilmente encontrar o livro certo.
7. Os teus alunos não são novos demais ou grandes demais para ler certos livros. Mas se precisarem do teu apoio, sê ponte.
8. A leitura em sala de aula nunca é uma perda de tempo, mas uma oportunidade de concentração, descoberta e sonho.
9. Não trates os livros como peças de museu. Dessacraliza-os para que façam parte do quotidiano dos teus alunos.
10. O preço não é desculpa para não ler. Um bom livro custa quanto uma semana de raspadinhas e euromilhões. Além disso, há por aí tantas e tão boas bibliotecas onde ler ainda é grátis!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XVIII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.


 
Madlenka
Peter Sis
Allen & Unwin, 2000

terça-feira, 2 de junho de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XVII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

guarda final



O Mundo num Segundo
Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho (ilustrador)
Planeta Tangerina, 2008

quarta-feira, 27 de maio de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XVI

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
 

O Livro dos Quintais
Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho (ilustrador)
Planeta Tangerina, 2010

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Apresentação dos Livros Teatro e Dança

"O teatro é uma casa onde os artistas vivem, onde preparam histórias, músicas e danças que fazem o público viajar para um mundo diferente daquele em que vive, um mundo fabuloso, de onde se sai mais contente, mais inteligente, mais recheado de emoções e sensações. Os espectáculos que vais ver no teatro servem para crescer, para fazer o tempo parar, para iluminar e aquecer, servem para te encontrares com muitas pessoas e ideias - que conheces e que não conheces."
                                                                   O Livro Escuro e Claro,  Madalena Victorino e Inês Barahona,
                                                                                     com ilustrações de Rita Batista.




Ricardo  Henriques (texto) e André Letria (ilustração) começam por explicar a etimologia da palavra teatro e em seguida declinam-na, de A a Z, em todas as suas múltiplas componentes. Nada escapa a este atividário - dicionário e livro de atividades dedicado à expressão dramática. Para quem já conhece Mar, o primeiro destes livros informativos publicados pela Pato Lógico Edições, garanto que este segundo, uma encomenda do Teatro Maria Matos em regime de coprodução com outros teatros nacionais, não irá desiludir. O livro é, do princípio ao fim, uma mina de preciosidades acerca desta grande arte que é o Teatro.


 
 
Descobrimos a importância do "AQUECIMENTO: Antes de entrar em cena, parte da preparação do ator é aquecer a voz com exercícios de articulação e projeção. Um deles é a repetição dos sons si, fu, chi e pá, que ajuda a abrir o diafragma. Se tivéssemos mais espaço, eu tagarelaria, tu tagarelarias, ele tagarelaria, nós tagarelaríamos, vós tagarelaríeis e eles tagarelariam sobre este e outros trava-línguas que ajudam a treinar a dicção do ator ou ainda sobre o aquecimento do corpo que precisa de flexibilidade, agilidade, respiração e ritmo ou sobre exercícios de concentração, compreensão, memória, afetividade, instinto e imaginação que aquecem as emoções dos atores."
 


Ficamos a conhecer todas as pessoas que compõem uma companhia de teatro, bem como as diferentes partes de um palco, ou até as várias formas de abertura do pano.


Viajamos até ao tempo de Gil Vicente e de Shakespeare.

 
Somos convidados a visitar as ruínas do Teatro Romano de Lisboa.
 
 
Aprendemos a fazer máscaras com diferentes materiais ou um pequeno teatro de robertos.

 
 
Reparamos na relevância da luz, do escuro, das pausas e do silêncio.
 
 
Tudo isto e muito, muito mais, num livro fundamental para as bibliotecas, as escolas e os quartos das crianças. Porque as leva não só a conhecer, a  analisar, a questionar, a refletir, a criticar as representações teatrais a que assistem, mas convida também à experimentação. Como afirma a artista e educadora dinamarquesa  Anna Marie Holm, "As crianças pequenas não observam apenas a arte à distância. As crianças querem fazer parte da arte."
É ainda um excelente livro para a leitura partilhada, em família, pois oferece inúmeras oportunidades de conversa saborosa em torno da sua riqueza enciclopédica.
 
 
 
 
Dança, de João Fazenda, faz parte da coleção "Imagens que contam", sem palavras, apenas a do título. Como informa o site da editora, esta coleção "surgiu em 2013 como um espaço de liberdade criativa para ilustradores que procuram contar histórias através da sua arte – a ilustração. As regras são simples: há 32 páginas e guardas para contar a história, o título é uma palavra apenas e o logo do Pato Lógico deve ser recriado."
 
 
 
 
Mostro apenas o início e espero por quem se queira juntar a mim e ao André Letria, pluripremiado ilustrador, e editor da Pato Lógico,  às 11:00 do próximo domingo, dia 24, na Biblioteca do Centro de Artes de Sines, para juntos darmos voz a esta e a muitas outras histórias que habitam os livros que hoje aqui trouxe.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Semana da Educação Artística 2015

Nestes dias em que tanto se fala de exames e provas nacionais nas escolas, meios de comunicação e redes sociais, é bom lembrar que a partir de dia 23 de Maio se celebra a Semana da Educação Artística, instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 2012. O seu objetivo é sublinhar a importância das artes para o desenvolvimento harmonioso dos indivíduos e das sociedades, como motor de diálogo, tolerância, criatividade e reinvenção.
Aqui bem perto, o Centro de Artes de Sines volta a propor uma excelente programação para agentes educativos, alunos e famílias, em redor do teatro, da dança, da música, da pintura e da literatura.

 
 
No domingo, dia 24 às 11h, lá estarei para conversar com o André Letria e apresentar os livros Teatro e Dança, editados pela Pato Lógico. Muito em breve darei mais notícias.
 
                                                                                     imagem: site da editora
 
 
                                                    imagem: site da editora
 
 


 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XV

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
 

Onde moram as casas
Carla Maia de Almeida e Alexandre Esgaio (ilustrador)
Caminho, 2011

quarta-feira, 6 de maio de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XIV

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
Coração de Mãe
Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho (ilustrador)
Planeta Tangerina, 2008.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XIII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
A Minha Mãe
Anthony Browne
Caminho, 2008

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Dia Mundial do Livro 2015



"A Flor já sabe ler, diz que as letras, que a mim me parecem desenhos muito difíceis de entender e de juntar, são contadoras de coisas e que, quando aprendemos a ler, é como se nos contassem histórias."

Letras nos atacadores
Cristina Fálcon Maldonado e Marina Marcolin (ilustradora)
Kalandraka, 2012

segunda-feira, 20 de abril de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
Letras nos atacadores
Cristina Falcón Maldonado e Marina Marcolin (ilustradora)
Kalandraka, 2012

quarta-feira, 15 de abril de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XI

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.




 
De Sol a Sonho
Raul Malaquias Marques e Yara Kono (ilustradora)
Caminho, 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros X

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.





 
 
Che cos'è un bambino
Beatrice Alemagna
Topipittori, 2008

segunda-feira, 23 de março de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros IX

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.




 
Lá Fora - Guia para descobrir a natureza
Maria Ana Peixe Dias
Inês Teixeira do Rosário
Bernardo P. Carvalho (ilustrador)
Planeta Tangerina, 2014

quinta-feira, 19 de março de 2015

O Pai e os Livros

Nas vésperas do Dia do Pai teve lugar mais uma das Conversas Pequenas na Creche e JI "O Montinho".

 
Viajámos pelos livros infantis em redor da figura do PAI. Vimos como é retratado, como é contado na relação que estabelece com os filhos. Refletimos sobre como podemos utilizar os livros que vêem o pai como protagonista na nossa dinâmica familiar e até na resolução de alguns problemas. Através  da leitura e análise de muitos livros reconhecemos a importância do envolvimento do pai no ritual da leitura partilhada.  
 
Porque falámos da necessidade de "desconstruir visões rígidas", faltava levar o livro cujas guardas se mostram no post anterior:
  
 
 
 
 
Um livro belíssimo que conta a história de uma menina, a Maria, que tem a sorte de ter dois pais que a amam e que lhe dão uma infância feliz, uma vida serena e segura. Obrigada, Guida, por mo teres emprestado e por teres partilhado o link!

As Guardas: Guardiãs de Tesouros VIII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
O Livro do Pedro (Maria dos 7 aos 8)
Manuela Bacelar
Edições Afrontamento, 2008.

terça-feira, 10 de março de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros VII

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.

 
Frederico
Leo Lionni,
Kalandraka, 2004.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Guardas: Guardiãs de Tesouros VI

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.



 
 
Quero o meu chapéu
Jon Klassen
Orfeu Negro (Coleção Orfeu Mini), 2014

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros V

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixo aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.


Hoje Sinto-me...
Madalena Moniz
Orfeu Negro (Coleção Orfeu Mini), 2014


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros IV

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.





 
 
Olivia
Ian Falconer
Giannino Stoppani Edizioni, 2000
 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Luísa Dacosta (1927-2015)



Com bem afirma o professor José Alfaro (que em 2009 nos deu a oportunidade de a ouvir numa das conferências da I edição da Pós-Graduação em Livro Infantil) não há melhor forma de a homenagear do que dar a ler Luísa Dacosta:

"um livro

Desejas

Um tapete mágico que num abrir e fechar de olhos, 
te leve aos confins da Terra?

Uma máquina de viajar no tempo, para o futuro a haver, desconhecido,
para o passado histórico ou para aquele em que os animais falavam?

Companheiros para correrem contigo a aventura de mares ignorados
e de ilhas que os mapas não registam?

Conhecer mundos para além do nosso sistema solar, 
a anos-luz da nossa galáxia, sem necessidade de foguetão?

Saber a idade de uma pedra ou os mistérios da realidade,
das águas, dos bichos, dos pássaros e das estrelas?

Descobrir a arca encantada, onde se guardam os vestidos "cor do tempo",
das princesas de era uma vez, aquelas que se transformavam em pombas
ou dormiam em caixões de cristal, à espera que o príncipe viesse despertá-las?
Desfolhar as pétalas do sonho no país da noite? 
Abre um livro.

Um livro é tudo isso de cada vez e, às vezes, ao mesmo tempo.
Um livro permite-te contactar com outras imaginações, outras sensibilidades.
É a possibilidade de estares noutros lugares, sem abandonares o teu chão, 
de ouvires pulsar outros corações, de vestires a pele humana de outro 
ou outros sem deixares de seres tu.

E, com o livro, a varinha de condão não está na mão das fadas,
está em teu poder.
É do teu olhar, de cada vez que te dispões a ler, 
que nascem aqueles mundos, caleidoscópicos, de maravilha
- e só desaparecem quando fechas o livro.
Mas, a um gesto do teu querer, 
voltarão a surgir sempre, sempre, sempre..."

 Luísa Dacosta, in História com Recadinho, ed. Asa


Aconselho também o seu diário, Na Água do Tempo, ed. Asa. E aqui uma excelente entrevista à autora.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

As Guardas: Guardiãs de Tesouros III

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixarei aqui todas as semanas uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.




 
 
Maruxa
Eva Mejuto e Mafalda Milhões (ilustradora)
OQO, 2014