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uma das cartas da OLE |
A OFICINA DE LEITURA E ESCRITA (OLE) é um projeto de mediação da leitura e da escrita que desenvolvo na minha cidade, num espaço próprio, desde outubro de 2014, com pequenos grupos de crianças e jovens (do 3º ao 9º ano). Vai entrar agora no seu 9º ano consecutivo. Já
aqui escrevi acerca da OLE mais do que uma vez.
A pandemia (sobretudo, os confinamentos a que nos forçou) levou-me a considerar trabalhar de outra forma que não a presencial. Em março de 2020 decidi suspender as oficinas de leitura e escrita, pois não podíamos estar juntos a ler e a escrever na Casa das Palavras; eu achava o online frio e impessoal, por isso acreditava que não era possível replicar virtualmente esse lugar de leitura; e a verdade é que, como todos, pensava que estaríamos apenas poucas semanas afastados. Ao constatar que o período de confinamento se alongava desmesuradamente, enviei cartas (sim, cartas em papel, as primeiras escritas à mão, e entregues pelo carteiro) às crianças e jovens para saber como estavam, o que faziam, como se sentiam, e contar o que era de mim.
Em outubro de 2020 retomámos com entusiasmo redobrado as sessões na Casa das Palavras, mas, passados poucos meses, em janeiro de 2021, voltámos a ficar fechados em casa. Desta vez, porém, eu tinha tido tempo para pensar numa alternativa, uma forma diferente de fazer a OLE, à distância, mas não por isso menos próxima e calorosa: por correspondência. Para além das cartas que trocámos, também tivemos algumas sessões online, visto que o confinamento parecia não ter fim. Correu tudo muito bem. A verdade é que as cartas e as palavras que continham nos tinham aproximado muito mais. Mais, de 15 em 15 dias, durante o período de confinamento, lá ia eu entregar, a casa de cada um dos alunos, livros, cadernos da oficina lidos e comentados, desafios de leitura e escrita, e as cartas.
Funciona, e muito bem, a Oficina de Leitura e Escrita por correspondência.
Por isso, quando hoje recebi uma mensagem de uma antiga leitora / escritora da Casa das Palavras, que me dizia que estava quase a iniciar o 11º ano de escolaridade, que me contava das saudades que tivera das nossas terças-feiras de escrita e que estava decidida a que essa sede de escrever não permanecesse este ano, decidi que a OFICINA DE LEITURA E ESCRITA POR CORRESPONDÊNCIA iria regressar como projeto autónomo, para quem não pode, seja por que motivo, frequentar o nosso lugar de leitura habitual e gosta de saborear as palavras e o tempo lento dos tesouros contidos nos envelopes de papel.
Todas as informações serão fornecidas aos interessados através do seguinte endereço eletrónico:
paula.cusati@gmail.com
(Nas fotografias, uma das cartas por mim enviadas.)
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carta enviada a uma das alunas da OLE no 2º confinamento |
Aqui um excerto:
Maria, estou muito feliz com a tua
participação na OLE à distância. Vejo-te bem-disposta, interessada e sempre com
vontade de pensar e descobrir coisas novas. Também gostei muito de receber a
tua carta e ler as tuas reflexões e novidades. Fico feliz por saber que estás a
gostar dos livros.
Juntamente
com a carta, recebes mais dois textos. Desta vez não os leias nem coles no
caderno da OLE antes do nosso próximo encontro online. Para além disso, vão no saco mais dois livros
que escolhi para ti. Espero que te agradem. Lê-os à vontade. Não terás que
responder a quaisquer perguntas ou desafios sobre estes livros. São para a tua leitura autónoma.
Tenho
uma surpresa para ti, para que possas constatar que um jardim pode assumir
muitas formas. Talvez reconheças esta folha. É de uma Ginkgo Biloba. Esta repousava aos pés da sua árvore-mãe numa
das ruas de Santiago, já dourada pelo outono. Pensei que era uma pena deixá-la ali
abandonada, à mercê das intempéries. Trouxe-a para casa e dei-lhe outro lar,
entre as páginas de um dos meus livros. Hoje abri esse livro, e de dentro dele
a folha veio a esvoaçar para perto do meu computador. Pensei: “Vou oferecê-la à
Maria, pois um jardim também pode morar entre as páginas de um livro ou de um
caderno. Nos meus moram folhas de Ginkgo Biloba, sardinheiras,
ervilhas-de-cheiro, flores de alfazema…” Que esta folha possa ser o início de
um jardim que habita os teus livros ou cadernos. Se quiseres, podes mesmo
construir um herbário, ou, se já tens um, juntá-la à tua coleção. Abre bem os
olhos! A cada passo que dás, descobrirás maravilhas.
Um beijinho,
Paula
Acho a OLE um belo projeto, para mais com longo e frutuoso percurso. Parabéns. Muito êxito! 🍀
ResponderEliminarMuito obrigada, Manuela! Um abraço.
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