quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Se Eu fosse um Livro

                                       
Se Eu fosse um Livro, José Jorge Letria e André Letria, Pato Lógico  Edições
                                            


"Se eu fosse um livro, 
havia de saber de cor todas as histórias
que morassem nas minhas páginas."

"Se eu fosse um livro,
gostava de ser uma janela aberta
para a imensidão do mar."

"Se eu fosse um livro,
gostava de tornar livre e indomável
o leitor que me escolhesse."


Para ver e ouvir (lido em voz alta por José Jorge Letria) aqui .



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

No Bosque do Espelho

No Bosque do Espelho, Alberto Manguel, D. Quixote.

" Ao acasalarmos palavras com experiência e experiência com palavras, nós, leitores, filtramo-nos através de histórias que ecoam uma experiência ou que nos preparam para  ela, ou que nos falam de experiências que jamais serão nossas (como todos sabemos demasiado bem) excepto na latência da página. Assim, o que cremos que um livro é remolda-se com cada leitura. Ao longo dos anos, a minha experiência, os meus gostos, os meus preconceitos alteraram-se: com o passar dos dias, a minha memória continua a remexer as estantes, a catalogar, a descartar os livros da minha biblioteca; as minhas palavras e o meu mundo - à excepção feita a poucos marcos constantes - nunca são exactamente is mesmos." (p.15)

"Aproximo-me se uma obra de arte com a minha bagagem de história e de geografia, mas a bagagem que trago está sempre a mudar e permite-me ver outra coisa na obra, quase todas as vezes." (p. 127)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um peixe vermelho

Um livro pequeno, precioso, vermelho.  A capa é de um quase tecido. Objeto delicado. Despretensioso, por isso, nem tem sobrecapa. Não necessita de proteção, nem de decoração.



el pez rojo, de Taeeun Yoo. Tenho a edição da kalandraka, em espanhol. 

Tudo nele é lindo! As guardas, a página de rosto:


Um menino vai com o avô para uma biblioteca muito antiga no meio da floresta onde este trabalha. Leva consigo o seu peixe vermelho. 
Explora cada canto, cada estante, cada livro da biblioteca. Até que adormece.... Quando abre os olhos, a biblioteca repousa envolta nas sombras e no silêncio. Assustado, à luz da lua, o menino começa a ler um livro ao seu peixinho. Mas, quando levanta os olhos do livro, vê que o peixe desapareceu!
Procura-o por todas as estantes, por todos os cantos, por todas as salas da biblioteca, até que vê algo pequeno e vermelho mesmo lá em cima, por entre os livros. Encontra um livro velho cheio de pó e quando o abre, acontece algo extraordinário.



A partir daqui a história prescinde das palavras e as ilustrações transmitem toda a magia que nasce dos livros. As tonalidades sépia dominam, salpicadas apenas pelo vermelho do peixe ou do livro.


Mise en abyme. O livro dentro do livro. Perfeito. 

O menino encontra o peixe. A realidade abraça a ficção. E é hora de regressar a casa. 


Mas o livro ganha um lugar especial na biblioteca e ali fica, à espera de novas leituras, de novas aventuras.






segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Os Livros e a Sopa

A hora da sopa é, muitas vezes, sinónimo de birras, impaciência e zangas. Creio que os livros são uma excelente maneira  de os levar a  compreender a importância deste alimento e de ajudar os pais / professores a desmistificar tantos problemas.
Aqui vão algumas sugestões de leitura:

27 Histórias para comer a Sopa, Pablo Bernasconi e Ursula Wölfel, Kalandraka.  Estes contos breves e cheios de humor são perfeitos: duram o tempo de um prato de sopa!

A Sopa Verde, Chico, Ambar, vai oferecer-vos muitas gargalhadas! Imaginem um porquinho que não gosta de sopa verde e que obriga o pai a preparar-lhe sopa de... laranja ... morango... chocolate...


Ssschlep, Eugénio Roda e Gémeo Luís, Edições Gémeo. No Cata Livros, para além de uma sinopse da história, se clicarem em brincar +, poderão folhear o livro, ouvir a história em voz alta, ver a entrevista a um dos autores, jogar e muito mais.


 A Sopa Queima, Pablo Albo e André Letria, OQO Editora. Quantas histórias por causa da temperatura da sopa!

Eu nunca na vida comerei tomate (com Charlie e Lola), Lauren Child, Oficina do Livro. Neste livro divertido, Charlie consegue convencer a sua irmãzinha Lola de que o que está no prato não são ervilhas "excessivamente pequenas e demasiado verdes", mas "rebuçados verdes da Verdelândia", nem é puré de batata, mas "uma nuvem do pico mais alto do Monte Fuji"!


Come a Sopa, Marta!, Marta Torrão, O Bichinho de Conto. Na Casa da Leitura, encontra uma sugestão prática para uma atividade em redor deste livro.


Vegetable glue, Susana Chandler e Elena Odriozola, meadowside Children's Books.   Este é um livro que ainda não está editado em Portugal, mas para quem domina a língua inglesa e, como eu, adora as ilustrações da Elena Odriozola, é imperdível!

 

E que tal levar o seu filho para a cozinha e ensiná-lo como é divertido misturar os ingredientes e criar pratos deliciosos?
Com a ajuda de Contos de Fadas Deliciosos, com receitas para crianças, Histórias recontadas por Jane Yolen, Receitas de Heidi E.Y. Stemple, Ilustrações de Philippe Béha, Círculo de Leitores, poderão preparar "panquecas fugitivas", "sopa da pedra" ou "as maçãs assadas da Branca de Neve".

Não perca também A Que  Sabe Esta História?, Alice Vieira, Vitor Sobral (uma receita por conto) e Carla Nazareth, Oficina do Livro.

Em Escolinha de Culinária, de Amanda Grant, MEL Editores, as receitas estão organizadas por níveis de dificuldade: Nível 1 (3 aos 5 anos), Nível 2 (5-7 anos) e Nível 3 (7-11 anos). As crianças podem ir ganhando cada vez mais autonomia na cozinha, enquanto se divertem a preparar comida saudável e saborosa. Cá em casa, uma das receitas preferidas do nosso pequeno cozinheiro é:

sopa minestrone fácil

Hummm! Deliciosa!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Uma Cidade de Livros

Gosto de livros. Gosto de livros sobre LIVROS.
Às quintas-feiras, trarei aqui um desses livros ou, como hoje, um vídeo em que os livros sejam os protagonistas:

  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Importância da Leitura no Colégio Campo de Flores

Na semana passada, "A Importância da Leitura para o Desenvolvimento Emocional, Cognitivo e Criativo da Criança" viajou até ao Colégio Campo de Flores, em Lazarim, na Charneca da Caparica. A convite da Dra Susana Cheis, que coordena o Centro de Desenvolvimento do Colégio, responsável pela organização das Tertúlias Consigo, eu e a minha mala carregada de livros fomos generosa e carinhosamente recebidas num destes momentos de reflexão, partilha e debate.



Esta sessão para pais e docentes teve uma maior participação por parte destes últimos. Educadores e professores  interessados nas questões da Leitura, numa escola em que (como me informaram a Coordenadora do Pré-Escolar e o Dr. João Rafael Almeida, Diretor do Colégio) existem Clubes de Leitores deste o Jardim-de-Infância até ao Secundário. Sim, é possível! Fiquei maravilhada pela descrição da Educadora Maria do Rosário!
No final, alguns pais presentes fizeram comentários pertinentes e pediram ainda mais sugestões de leitura específicas para as suas famílias. Aqui no blogue, no Facebook ou por e-mail, sei que as nossas conversas vão continuar! Um abraço a todos!

Ler constrói Comunidade


Um dos momentos por que espero todos os meses é a noite em que nos encontramos para falar de livros. Somos um grupo de pessoas das mais variadas proveniências, idades e profissões, que desde Novembro de 2011 reúne para partilhar leituras, pontos de vista, pequenas epifanias. Somos cerca de 15 pessoas que, ao aceitarem o convite da Quadricultura Associação, tiveram, e têm, a oportunidade de construir comunidade através da literatura.


Há uma semana teve lugar mais um dos encontros dedicados à discussão da obra de Pessoa. Provou-se mais uma vez que a partilha das nossas leituras com os outros conduz sempre a uma profundidade maior das mesmas e a uma descoberta sempre renovada e fecunda dos autores discutidos.
Iniciámos a sessão com a leitura deste texto de António Basanta Reyes, Diretor geral e vice-presidente executivo da Fundación Germán Sánchez Ruipérez, que aqui vos deixo (minha tradução, perdoem! Aqui, o original):


«LER JUNTOS (Janeiro 2013)
Já noutras ocasiões abordei o papel estruturante e sociabilizador que o exercício da leitura possibilita e constrói. Pode parecer paradoxal, pois o ato de ler costuma ser uma experiência individual, por vezes solitária.
É certo que a leitura, para melhor ser desfrutada e compreendida, requer a construção de um espaço de intimidade. De um certo isolamento do que nos rodeia para que assim a comunicação entre quem lê e o que é lido seja o mais intensa possível. E para que o que repousa inanimado no texto, ou em qualquer outra expressão capaz de ser lida, ganhe prodigiosamente vida, num sortilégio que requer a totalidade das nossas capacidades intelectuais. Poucas outras atividades pressupõem um envolvimento pessoal maior do que a leitura. Porém, esta ideia não anula, antes potencia outra qualidade da leitura, aquela a que nos referíamos no início deste texto.
Quem lê, constrói comunidade. A que gera com quantos habitam o que foi lido. A que se estabelece com géneros, temáticas e autores.
Mas também, e de que maneira, a que nos permite partilhar a nossa experiência leitora com outros leitores. Algo que não só amplia extraordinariamente o eco do que foi lido, mas que também, como tão bem provam os estudos do prof. Emílio Sánchez Miguel, estabelece o hábito, consolida de forma fidedigna e evidente a compreensão do que foi lido e gera laços de identidade com todos os que tenham partilhado a travessia do ato de ler. Porque a leitura, como a de Ulisses, é sempre uma viagem com regresso.
E penso tudo isto depois de ter vivido uma experiência inesquecível: a reunião, há algumas semanas, na Casa del Lector, de centenas de promotores e participantes de comunidades de leitores de toda a Espanha. Pessoas que partilham uma paixão; à maneira orteguiana, uma missão. Cidadãos, muitas vezes anónimos, verdadeiros protagonistas da construção cultural do nosso país.
“Lemos para saber que não estamos sós”, disse um dia o professor Clive Staples Lewis, autor das inesquecíveis Crónicas de Nárnia.
Um bom lema para definir a razão de ser, a finalidade das comunidades de leitores.
E também da leitura em si mesma.»


Esta citação de C.S. Lewis acompanha-me desde a criação da primeira Comunidade de Leitores que dinamizei, em Janeiro de 2009. Guardo-a com muito carinho: é tão bom saber que lemos juntos! Obrigada a todos os que já passaram pelos nossos encontros! E a quem se quiser juntar a nós...