sexta-feira, 23 de setembro de 2022

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVIII


É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixo aqui, todas as semanas, uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.


guardas iniciais

guardas finais


C'era una volta una bambina
Giovanna Zoboli e Joanna Concejo
Topipittori

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVII


É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Deixo aqui, todas as semanas, uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.


guardas iniciais
guardas finais

al museo
Susanna Mattiangeli e Vessela Nikolova
Topipittori

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Oficina de Leitura e Escrita por correspondência


uma das cartas da OLE 


A OFICINA DE LEITURA E ESCRITA (OLE) é um projeto de mediação da leitura e da escrita que desenvolvo na minha cidade, num espaço próprio, desde outubro de 2014, com pequenos grupos de crianças e jovens (do 3º ao 9º ano). Vai entrar agora no seu 9º ano consecutivo. Já aqui escrevi acerca da OLE mais do que uma vez. 

A pandemia (sobretudo, os confinamentos a que nos forçou) levou-me a considerar trabalhar de outra forma que não a presencial. Em março de 2020 decidi suspender as oficinas de leitura e escrita, pois não podíamos estar juntos a ler e a escrever na Casa das Palavras; eu achava o online frio e impessoal, por isso acreditava que não era possível replicar virtualmente esse lugar de leitura; e a verdade é que, como todos, pensava que estaríamos apenas poucas semanas afastados.  Ao constatar que o período de confinamento se alongava desmesuradamente, enviei cartas (sim, cartas em papel, as primeiras escritas à mão, e entregues pelo carteiro) às crianças e jovens para saber como estavam, o que faziam, como se sentiam, e contar o que era de mim. 

Em outubro de 2020 retomámos com entusiasmo redobrado as sessões na Casa das Palavras, mas, passados poucos meses, em janeiro de 2021, voltámos a ficar fechados em casa. Desta vez, porém, eu tinha tido tempo para pensar numa alternativa, uma forma diferente de fazer a OLE, à distância, mas não por isso menos próxima e calorosa: por correspondência. Para além das cartas que trocámos, também tivemos algumas sessões online, visto que o confinamento parecia não ter fim. Correu tudo muito bem. A verdade é que as cartas e as palavras que continham nos tinham aproximado muito mais.  Mais, de 15 em 15 dias, durante o período de confinamento, lá ia eu entregar, a casa de cada um dos alunos, livros, cadernos da oficina lidos e comentados, desafios de leitura e escrita, e as cartas.
Funciona, e muito bem, a Oficina de Leitura e Escrita por correspondência. 

Por isso, quando hoje recebi uma mensagem de uma antiga leitora / escritora da Casa das Palavras, que me dizia que estava quase a iniciar o 11º ano de escolaridade, que me contava das saudades que tivera das nossas terças-feiras de escrita e que estava decidida a que essa sede de escrever não permanecesse este ano, decidi que a OFICINA DE LEITURA E ESCRITA POR CORRESPONDÊNCIA iria regressar como projeto autónomo, para quem não pode, seja por que motivo, frequentar o nosso lugar de leitura habitual e gosta de saborear as palavras e o tempo lento dos tesouros contidos nos envelopes de papel.

Todas as informações serão fornecidas aos interessados através do seguinte endereço eletrónico:
paula.cusati@gmail.com


(Nas fotografias, uma das cartas por mim enviadas.) 

carta enviada a uma das alunas da OLE no 2º confinamento


Aqui um excerto:


Maria, estou muito feliz com a tua participação na OLE à distância. Vejo-te bem-disposta, interessada e sempre com vontade de pensar e descobrir coisas novas. Também gostei muito de receber a tua carta e ler as tuas reflexões e novidades. Fico feliz por saber que estás a gostar dos livros.

Juntamente com a carta, recebes mais dois textos. Desta vez não os leias nem coles no caderno da OLE antes do nosso próximo encontro online.  Para além disso, vão no saco mais dois livros que escolhi para ti. Espero que te agradem. Lê-os à vontade. Não terás que responder a quaisquer perguntas ou desafios sobre estes livros.  São para a tua leitura autónoma.

Tenho uma surpresa para ti, para que possas constatar que um jardim pode assumir muitas formas. Talvez reconheças esta folha. É de uma Ginkgo Biloba.  Esta repousava aos pés da sua árvore-mãe numa das ruas de Santiago, já dourada pelo outono. Pensei que era uma pena deixá-la ali abandonada, à mercê das intempéries. Trouxe-a para casa e dei-lhe outro lar, entre as páginas de um dos meus livros. Hoje abri esse livro, e de dentro dele a folha veio a esvoaçar para perto do meu computador. Pensei: “Vou oferecê-la à Maria, pois um jardim também pode morar entre as páginas de um livro ou de um caderno. Nos meus moram folhas de Ginkgo Biloba, sardinheiras, ervilhas-de-cheiro, flores de alfazema…” Que esta folha possa ser o início de um jardim que habita os teus livros ou cadernos. Se quiseres, podes mesmo construir um herbário, ou, se já tens um, juntá-la à tua coleção. Abre bem os olhos! A cada passo que dás, descobrirás maravilhas.  

                                                                                                                                        Um beijinho, 

                                                                                                                                                Paula

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Um desejo para o novo ano letivo




dente-de-leão; dandelion; soffione



Hoje, Dia Internacional da Literacia, nas vésperas do início de um novo ano letivo, sopro
e peço o meu desejo:

Que todas as escolas sejam verdadeiros lugares de leitura!


 Porque a educação e a literacia são mais necessárias do que nunca, após dois anos de pandemia e com o consequente agravamento das desigualdades a todos os níveis, num mundo assolado pelas alterações climáticas, pela desinformação e pelo populismo, pela guerra. 

Porque é tempo de parar, pensar no que aprendemos nos últimos anos e fazer diferente, fazer melhor.

Porque há que pensar os lugares de leitura como sistemas em perpétuo movimento, em que cada elemento é fundamental e se relaciona com os restantes de forma dinâmica. Um só elemento não constitui um lugar de leitura e a falta de um dos elos desse sistema compromete enormemente a qualidade das experiências de leitura que aí acontecem.

Porque é urgente que unamos forças para pensarmos os lugares de leitura e, sobretudo, para imaginarmos e construirmos um mundo melhor para todos.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVI

É este espaço livre e aberto à imaginação dos leitores que quero celebrar. Volto a deixar aqui, todas as semanas, uma ou duas imagens das guardas iniciais e finais de um livro. Num silêncio atento e deslumbrado.




                                                     Mudar, Ana Ventura, Pato Lógico.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Ecos Andarilhos II



Tendo dito o anterior (e que era devido), concentro-me agora especificamente nestas Palavras Andarilhas de 2022. Em primeiro lugar, um aplauso à equipa da Biblioteca de Beja / CM de Beja e ao curador desta edição, Jorge Serafim, por, num contexto (pós-)pandémico de retoma dos eventos culturais e com um orçamento, imagino, cada vez mais magro, nos terem brindado com uma bela edição. 
Apesar de haver menos Andarilhos do que em anos anteriores (tal como já se tinha verificado em Pombal, em Junho), a alegria do reencontro dos que vieram era intensa e genuína. Muita a vontade de rever amigos, escutar e aprender. Largo o abraço de quem os recebeu.
Não consegui ver nem escutar tudo, pois este ano estive, na qualidade de membro da Chão Nosso, Crl, a ajudar no espaço que nos foi atribuído no Jardim Público de Beja. Foram boas as conversas tidas e escutadas, no nosso canteiro e em todos os espaços das Palavras Andarilhas. Houve também sessões de contos que me ficarão na memória para sempre. Houve sorrisos e lágrimas, danças antigas e retratos à la minuta, histórias e livros, contadores, escutadores e leitores. 
Só senti falta de uma zona de livreiros mais próxima (isto é, de tê-los mais próximos uns dos outros e de nós, leitores) e de mais livros / leituras para adolescentes. Havia demasiados livros-álbum, em meu entender. 
Como sempre, venho de Beja com perguntas importantes:
A primeira, da boca do Luís Carmelo, na mesa sobre a simbologia dos contos para o século XXI:
- Que contos / histórias fazem sentido nestes tempos? Que histórias deverei contar? Quais as que deixarei de contar?
A segunda, do que vivenciei ao longo dos três dias, e que me acompanha desde sempre, e dá o título a uma das minhas acções de formação: 
- Como mediar leituras cultivando leitores curiosos, críticos e reflexivos (logo, autónomos)? 

Continuo a questionar-me e a pensar. Também isso devo à Cristina Taquelim: nunca me acomodar. Obrigada, mestra!

Ecos Andarilhos I



 

A 16ª edição das Palavras Andarilhas marca um novo rumo para este Festival da Palavra lida, escutada e contada. Desde o primeiro momento, em 1999, as Palavras Andarilhas sempre tiveram na figura da Cristina Taquelim a sua grande artífice (inicialmente, ao lado do grande Figueira Mestre - até à sua morte). E esta foi a primeira edição sem a Cristina na programação e produção das Andarilhas.

Por estar a viver em Itália (de 1999 a 2006), apenas em 2007 comecei a ser Andarilha. Desde aí, nunca mais deixei de ir a esse "grande momento de aprendizagem coletiva, em torno da promoção da leitura, da narração oral e da literatura." Assisti, assim, a 8 destas 16 edições, e constatei como, de cada vez, o Festival se ia transformando e melhorando, como o pensamento que lhe dava estrutura e sustento era dinâmico e, sobretudo, guiado pela atenção às necessidades da população do concelho de Beja e pela busca da melhor forma de serviço público. A saída da cave da Biblioteca José Saramago para a Praça da República e depois para o Jardim Público, onde ainda permanece, revelam a preocupação de levar o festival à comunidade, de maneira a que não ficasse restrito às centenas de mediadores que vinham de todo o país para escutar e aprender com narradores, escritores, mediadores, ilustradores, tradutores, etc. Já aqui escrevi que o que vivíamos em Beja naqueles 3 dias dava-nos alento para o ano inteiro.

Todos os fios invisíveis que uniam as diferentes áreas de programação no desenho dos inúmeros eventos expositivos, formativos e performativos eram tecidos pelas sábias mãos da Cristina Taquelim. Em ninguém como nela vi (e vejo) um entendimento da promoção de leitura como um compromisso cívico, e como um todo, pensado de forma transversal. As exposições (muitas delas com a curadoria da Mafalda Milhões) inauguradas na cave por altura das Palavras Andarilhas eram lugares de leitura para o trabalho com escolas e famílias durante todo o ano letivo seguinte. Os conferencistas e os especialistas convidados a dinamizar as oficinas eram chamados pela sua competência em campos específicos, de modo a ajudar a pensar e suprir necessidades reveladas no trabalho de mediação do ano anterior ou como sustento para novos projetos a implementar. Ali escutámos tantas pessoas importantes para o nosso crescimento pessoal e profissional (nomeá-las a todos seria quase impossível, dada a vastidão da lista de participantes de cada edição).

Em suma, todos nós, mediadores de leitura e narradores portugueses, somos devedores à Mulher-Palavra, pelo tanto que com ela aprendemos e pelo seu exemplo. Solto daqui o meu aplauso à grande Cristina Taquelim, que deixou no final de 2019 a função pública, mas nunca deixou o serviço público. E acho uma injustiça que a tenham nomeado tão poucas vezes no palco das Andarilhas deste ano.

Que as novas Palavras Andarilhas saibam honrar o seu legado.