sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Ecos andarilhos



Guardo estes dias andarilhos como um tesouro. Junto-os aos das passadas edições. Voltar às Palavras Andarilhas, ano após ano, é como entrar num tempo redondo, sem pressas, dilatado. Há ecos que continuarão a ressoar em mim concêntrica e infinitamente. A minha gratidão por tudo o que tenho vivido, escutado e aprendido em Beja é eterna.

Foi um privilégio ter podido assistir e fazer parte do programa tão bem tecido pela organização conjunta da Biblioteca Municipal /Câmara Municipal de Beja, Ouvir e Contar, Laredo Associação Cultural, em parceria com a Carpe Librum. Poder assistir às conversas com os mediadores e os autores - e confirmar mais uma vez a importância da leitura em voz alta na promoção e mediação da leitura (inesquecíveis as leituras de poemas e excertos das suas obras feitas por Roseana Murray, Ana Luísa Amaral, Ana Saldanha e Eugénio Roda) -, aos contos, aos espetáculos, às exposições, à variedade e qualidade das oficinas propostas, ao talento incrível de tantos profissionais e à sua desarmante humildade, à generosidade dos  amigos andarilhos, tudo isso não tem preço.



Sei que o tesouro que acumulei este ano inspirará diretamente o meu trabalho nos próximos meses, por exemplo, através dos livros e ilustrações originais que comprei no Mercado Andarilho, ou da magnífica exposição "Infâncias que nascem do papel" - percursos de leitura II, com curadoria da Mafalda Milhões, ou da vontade de ler o que me falta da obra da Ana Saldanha e de a incluir de forma mais cuidada nas minhas Oficinas de Leitura e Escrita, ou às ligações que por estes dias estabeleci e estabelecerei futuramente com diálogos, leituras e experiências de mediação feitas e por fazer.

Ainda faltam dois anos para a próxima edição, mas sei que a biblioteca sem sono e a sua equipa trabalhará todos os dias em prol da cidade acordada. Eu tenho a sorte de morar a uma hora de caminho e já o tenho traçado no meu coração. Até 2020, espero ir muitas vezes ouvir "Há Contos na Mouraria", com curadoria do Jorge Serafim e da Luzia do Rosário, revisitar o CLIJ e a exposição da cave, e assistir a várias das atividades propostas para os diferentes públicos. Vamos?

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

XV Palavras Andarilhas



Esta semana regressam as Palavras Andarilhas à cidade de Beja. Verdadeira escola de narradores e mediadores de leitura, este Encontro de Aprendizes do Contar chegou à sua 15ª edição. O caminho não tem sido fácil, porém a equipa da Biblioteca Municipal de Beja, pela mão sábia da Cristina Taquelim, tem sabido resistir às crises financeiras, às mudanças políticas e tantas outras dificuldades, reinventando o encontro, mas preservando a sua alma.

As Palavras Andarilhas continuam a:
- fomentar a descentralização cultural, fazendo de uma cidade do Alentejo um grande (o mais importante) centro disseminador de boas práticas de narração oral e de promoção da leitura, mas também levando os contos a todas as freguesias rurais do concelho;
- pensar o encontro de modo a potenciar as linhas orientadoras e os projetos a desenvolver pela biblioteca com os diferentes públicos e contextos no ano seguinte ;
- trazer a Beja os melhores narradores, mediadores e autores nacionais e internacionais;
- promover um mercado livreiro com o que de melhor se publica em Portugal e no estrangeiro; 
- inspirar centenas de profissionais de todos os pontos do país;
- criar uma corrente de histórias por Portugal inteiro, através da Estafeta de Contos, ampliando, assim, o efeito destes quatro dias.

Aguardo esta altura do ano sempre com grande alegria, pois sei que iremos todos comungar do mesmo espírito de partilha e de escuta atenta e generosa. Irei reencontrar colegas e amigos, conhecer novas pessoas, aprender tanto e voltar a casa cheia de energia, ideias e livros para um ano inteiro de trabalho.
É um privilégio assistir a tantas iniciativas de qualidade e a tão boas conversas. E uma honra fazer parte da programação de mais uma edição:



As inscrições ainda estão abertas. Aqui o programa do encontro.
Quanto às muitas atividades paralelas, estas são de entrada livre para toda a população e para quem queira rumar a Beja. Apenas algumas carecem de inscrição prévia. 

As Palavras Andarilhas neste blogue em 2016 e em 2014.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Colher, guardar e partilhar

Le potager d'Alena, Sophie Vissiére, hélium.

De volta ao trabalho, regressam as memórias de verões passados.
Tendo vivido grande parte da minha infância no campo, o tempo era regido pelo ritmo da terra, da natureza e das estações. Esta altura do ano era o momento de recolher as sementes, preparar o terreno para as sementeiras e plantações do outono seguinte, colher os frutos e transformar a abundância em compotas e conservas a saborear nos meses de inverno.
De igual modo, este é o momento em que, grata pelos abundantes ensinamentos das experiências profissionais do passado ano letivo, releio, seleciono, avalio e reformulo, cozinhando já o trabalho futuro. Que este blogue seja sempre um lugar onde eu possa transformar essa gratidão em partilha útil para outros mediadores.