sexta-feira, 6 de junho de 2014

Rubem Alves, o vagar, a curiosidade, o amor e a leitura

O brasileiro Rubem Alves tomou contacto com o modelo pedagógico de Gianfranco Zavalloni e escreveu sobre ele no livro de crónicas A Pedagogia dos Caracóis, editado em 2010 e finalista do 53º Prémio Jabuti na categoria Contos e Crónicas.
Um excerto de uma delas (obrigada, Susana Cheis, por ma teres mostrado!) dá muito que pensar:

" A lentidão é virtude a ser aprendida num mundo em que a vida corre ao ritmo das máquinas. Gastar tempo conversando com os alunos. Saber sobre as suas vidas, os seus sonhos. Que importa que o programa fique atrasado? A vida é vagarosa. Os processos vitais são vagarosos. Quando a vida se apressa é porque algo não vai bem. Adrenalina no sangue, o coração disparado em fibrilação, diarréia. Observar as nuvens. Conversar sobre as suas formas. A observação das nuvens faz os pensamentos ficarem tranqüilos.

As notícias dos jornais são escritas depressa. Por isso têm curta duração. Mas a poesia se escreve devagar. Por isso ela não envelhece. Inventaram essa monstruosidade chamada leitura dinâmica. Ela pressupõe que um texto é feito com poucas idéias centrais, tudo o mais sendo encheção de lingüiça. A técnica da leitura dinâmica é ir direto às idéias centrais, desprezando o resto como lixo. (...)  É preciso ler tendo a lesma como modelo... Devagar. Por causa do prazer. O prazer anda devagar. Você leu esse artigo dinamicamente ou lesmicamente ?
"

E neste vídeo de 3 minutos quantas verdades: partindo do papel do professor, mas falando de lentidão, curiosidade, espanto, relações, perguntas, prazer, assombro e leitura:



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