quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Natal



Nem sempre é fácil encontrar bons livros sobre o Natal. A maior parte do que é publicado é desinteressante ou carece de originalidade.  Por vezes, a quadra natalícia é apenas um pretexto para se vender uma história que pouco terá a ver com o que ela representa ou o que acontece neste período do ano.
Grande parte do meu trabalho, quer nos projetos próprios que desenvolvo, quer nas mentorias,  consultoria e outros, tem a ver com a seleção de acervos. Este Natal deixo-vos a minha prenda; sugiro  dois excelentes livros, bem divertidos e ternurentos:

Como é que o Pai Natal desce pela chaminé?
Mac Barnett e Jon Klassen
Orfeu Negro
Esta dupla (que conhecemos do delicioso Uma Aventura debaixo da terra, também publicado em Portugal pela Orfeu Negro) volta a encantar-nos com um livro-álbum bem-humorado, que espicaça a curiosidade e a imaginação de leitores de todos os tamanhos.

Cartas do Pai Natal
J.R.R. Tolkien
Publicações Europa-América
Tolkien, sobretudo conhecido como autor da saga d'O Senhor dos Anéis, escreveu e ilustrou durante 23 anos (de 1920 a 1943) cartas do Pai Natal para os seus quatro filhos (John, Michael, Christopher e Priscilla). Este magnífico epistolário ilustrado, pleno de afeto e humor, conta a vida atarefadíssima do Pai Natal, as travessuras do Urso Polar, mas também contém pormenores do tempo em que foram escritas as cartas, nomeadamente, detalhes e personagens das suas obras, que os leitores de Tolkien reconhecerão, ou o estado do mundo durante a II Guerra Mundial.

Em suma, dois livros para ler e reler em família, ou em boa companhia, este Natal.

domingo, 10 de dezembro de 2023

FUGAZ

Fugaz é a nuvem, 

uma piscadela de olho, 

o voo de um balão, 

o rasto de um avião,

o cheiro de uma rosa acabada de colher, 

e muito do que faz sentido neste nosso viver.

Cristina Taquelim e Paula Cusati


FUGAZ - Laboratório de Leitura e Experimentação Artística aconteceu ontem, pela primeira vez. Nasce de uma utopia partilhada pelos mediadores de leitura e artistas que compõem a cooperativa cultural CHÃO NOSSO, apostados em colocar os seus recursos e competências ao serviço dos comunidades e dos territórios. Estreou em Beja, com a seguinte programação:


Com Catarina Bico, Paula Cusati, Cristina Taquelim, Ana Santos e Celina da Piedade, fotografia e ajuda na montagem de Daniel Antunes, no espaço da Santa Casa da Misericórdia de Beja, a quem agradecemos pelo acolhimento deste projeto.
Foi um dia cheio, feito de leitura, escrita, e muita experimentação, cumplicidade e liberdade em torno das artes. Com muitos sorrisos e lágrimas à mistura. Ontem confirmámos que as utopias se constroem de mãos dadas, com escolhas por vezes difíceis, passo a passo, dia a dia. Obrigada, companheiras de jornada, e a todos os que vieram de perto e de longe, tornando este FUGAZ algo precioso que perdurará na nossa memória. E que será, certamente, o primeiro de muitos.









segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Cuidar da (primeira) infância

Vado a dormire, Pippa Goodhart e Britta Granström, Editoriale Scienza


Os primeiros 1000 dias da vida de uma criança são fundamentais para o seu subsequente desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Zelamos pela alimentação e saúde do bebé, mas muitas vezes não valorizamos ou desconhecemos o papel nutritivo da palavra nas idades mais precoces, ignorando como a relação com os textos da tradição oral e os primeiros livros constituem um motor de construção da capacidade de pensar, de imaginar, de interagir com o que nos rodeia e de interpretar e compreender o mundo, e ainda de vinculação afetiva. 
Os primeiros livros permitem aceder às descobertas leitoras iniciáticas, numa abordagem exploratória, em que o brincar, o pensar, a leitura e a linguagem se fundem num só gesto. Os bebés leem com os cinco sentidos e com o corpo todo: com os olhos e os ouvidos, mas também com as mãos e a boca. Devoram literalmente os seus livros preferidos. Os primeiros livros deverão ser efetivamente considerados objetos que pertencem ao território do brincar, que permitem à criança aceder ao mundo do “faz-de-conta”. Livros de tecido, cartonados ou plastificados, de preferência com cantos redondos, talvez com janelas e orifícios que revelam surpresas, e adequados a mãos pequeninas. Os melhores serão sempre os que não subestimam a capacidade de compreensão da criança, ampliam a sua experiência, nutrem o seu imaginário e convidam ao maravilhamento, ao diálogo, à reflexão e à releitura.
Qualquer altura em que o adulto e a criança estejam serenos e disponíveis será boa para ler ao bebé, porém a hora de dormir constitui um momento perfeito para a criação do ritual da leitura em família. A entrega psíquica, afetiva e lúdica do adulto é fundamental no acesso da criança ao mundo dos livros, já que esta está dependente claramente dele e da sua mediação para a entrada noutros mundos ficcionais. Ler diariamente para e com a criança, pensar, sentir e acompanhar, escutando e valorizando os tempos do bebé; garantir o contacto direto com os livros, o seu manuseamento e exploração, o formular de hipóteses e a sua confirmação; criar um tempo de cumplicidade e de ternura em redor da leitura e da palavra, todas estas são ações de um valor incalculável. Daí a importância de pensar e proporcionar experiências leitoras, artísticas, culturais e formativas regulares não só às crianças, mas também aos adultos que as acompanham.

Paula Cusati e CristinaTaquelim
Texto publicado na Agenda Cultural de Mértola, 2021

quinta-feira, 15 de junho de 2023

OFICINA DE LEITURA E ESCRITA


Chega ao fim mais um ano (o 9º ano consecutivo) da Oficina de Leitura e Escrita (OLE). 
O que é a OLE? Um projeto continuado de mediação da leitura e da escrita que desenvolvo na minha cidade num espaço próprio, onde semanalmente, em pequenos grupos (do 3º ao 9º ano de escolaridade), lemos, relemos, dialogamos, escrevemos, pensamos, partilhamos e crescemos juntos, com um acervo de literatura para a infância e juventude de qualidade à disposição de todos para leitura autónoma em casa. Ao longo dos anos, a OLE também tem acontecido em escolas, bibliotecas municipais e outros espaços culturais, de forma pontual ou em continuidade. 

Em 2022/2023, com cada grupo, houve uma média de 25 encontros semanais. No final de cada ano letivo é o momento de refletirmos sobre a OLE e peço sempre a cada um que faça o balanço dos meses passados a ler e a escrever juntos. Aqui ficam algumas das avaliações dos aprendizes deste ano:


«Sinto que quando entro aqui estou no mundo dos livros.» 

                                                                                       C. (4º ano)


« (A OLE) faz com que a biblioteca da minha cabeça cresça.»

                                                                                       F. (4º ano) 


«Eu acho que evoluí muito enquanto leitora, porque agora tenho mais vontade de ler e tenho mais imaginação para escrever textos. Eu acho que aprendi a ver os pormenores e os detalhes que são muito importantes.»

                                                                                                               B. (4º ano) 

 

«Em tempos tão tensos e difíceis como os que temos vivido, tornou-se necessário algum tempo para refletir, ler e escrever longe de tudo. Longe das notícias das guerras, pandemias e crises. Longe das fortes opiniões da comunidade contidas durante dois anos. Durante aquelas horas éramos só nós, os livros, cadernos e canetas.»

                                                                                                                   M. R. (8º ano) 


«(...) aqui sinto-me bem, porque escrevo o que penso, e para mim isso é muito importante, exprimir o que está cá dentro."

                                                                                                          R. (6º ano)

 

«Este ano foi muito divertido. Escrevemos, imaginámos, crescemos e aprendemos todos juntos.» 

                                                                                                                 H. (6º ano)


"Aprendi a corrigir os meus erros gramaticais e a gostar ainda mais de ler e escrever. Evoluí enquanto leitora porque aprendi a ler melhor, e enquanto escritora, pois a estrutura, a gramática e o vocabulário dos meus textos evoluiu bastante.» 

                                                                                                                L. (5º ano)


«Noto que agora dou menos erros, escrevo textos maiores e hoje em dia até leio muito melhor.»

                                                                                                                D. (5º ano) 


«(A OLE) parece que tem uma barreira que não deixa os problemas entrarem e isso ajuda-me a estar concentrada no que estou a fazer e não nos problemas da minha vida.» 

                                                                                                              R. (7º ano)


«O meu primeiro ano na OLE foi fantástico. (...) Usaria um milhão de palavras para o descrever. Aprendi a ler melhor em voz alta, que existem poemas sem rima e mais outras coisas.»

                                                                                                           M. A. (4º ano)


«A OLE foi muito fixe por várias razões. Uma delas é que lemos todo o livro A Menina do Mar e também o Eu, o Andar por aí e o Gastão Vida de Cão, etc. Mas houve um dia que eu não gostei, foi quando fizemos um poema sem rima e eu estou habituado a fazer poemas com rima. O resto foi muito divertido.»

                                                                                                             M. (4º ano) 

 



quinta-feira, 8 de junho de 2023

UM LIVRO ONDE CABE A HUMANIDADE INTEIRA


Comprei este livro há exatamente uma semana, quando estive em trabalho no Algarve. No dia 3, na Biblioteca Municipal de Loulé Sophia de Mello Breyner Andresen, embora ele não fizesse parte da bibliografia pensada para a ação de formação "Os Livros para a Infância: Seleção de um Acervo Pessoal", fui buscá-lo à mala e disse às colegas mediadoras presentes, a propósito das nossas coleções em permanente devir: 
- Este livro ainda não faz parte do meu acervo pessoal, ainda não me sinto pronta para vos posso dar a minha opinião sobre ele, pois ainda não tive tempo de o ler com calma, com o tempo que ele requer, mas tenho quase a certeza de que, em breve, vai passar a fazer.
Houve quem dissesse (sorrindo, consciente do seu preconceito) que já o tinha visto, mas que não lhe dedicara muita atenção, porque pensou que se poderia tratar de um desses "livros-receita para" a inclusão. Afirmei que não me parecia que fosse esse o caso e prometi informá-las depois, talvez escrevendo sobre ele no blogue. Aqui vai:

Todos contam, da norueguesa Kristin Roskifte, editado em Portugal pela Lilliput, com tradução de João Reis, é um livro onde cabe a humanidade inteira, e todas as suas alegrias e forças, mas também os ridículos, os medos, as incertezas e as tristezas. Inteligente, divertido e poético, não é só um livro-álbum, nem só um livro para aprender a contar, nem somente um livro para "procurar e encontrar". É tudo isso e muito mais.

Tem um ritmo inicial lento e regular:



que se vai intensificando, com mais cor, páginas mais cheias e, por vezes, improvisos saltos matemáticos que nos transportam para cenários sempre novos.
 



Um livro para ler com lupa, com olhos de perguntador e ouvidos de bom conversador. Pleno de enigmas, mistérios e muitas questões, algumas das quais bem profundas. 
Podemos divertir-nos a seguir cada uma das personagens, acompanhando as diferentes narrativas individuais, construídas com doçura, compaixão, mas também com humor e ironia. Aqui a história de cada um importa. Todos contam, todos são importantes e estão, de alguma forma, relacionados. 
As guardas iniciais relevam uma panóplia de silhuetas humanas, que reencontramos no miolo do livro. No final, a surpresa é dupla, alargando exponencialmente a experiência de leitura e revelando mistérios semeados ao voltar de cada página. Receita garantida para o desejo de o reler muitas e muitas vezes.

Mais não conto! Só digo que este livro já faz parte do meu acervo pessoal, como bem vimos no dia 7, no primeiro de 4 encontros com docentes do Litoral Alentejano, através da ação de formação acreditada "Ler o Mundo e os Livros: Seleção de Acervos segundo critérios de Inclusão e Flexibilidade".

quarta-feira, 31 de maio de 2023

FORMAÇÃO ONLINE OU PRESENCIAL?


A formação online é importante e revelou-se fundamental durante a pandemia. Ensinou-nos outros modos de trabalhar e aprender. Com a Cristina Taquelim e a Mafalda Milhões, desenhámos ações de  formação [Eu existo por dentro - Narrativas para a construção da Biblioteca Interior] neste modelo para o CFAE- Centro Oeste, em 2020, e para  a equipa das Bibliotecas Municipais de Oeiras, em 2021. 
Faz todo o sentido (aliás, deixo aqui o meu apelo para que isso aconteça) que encontros e seminários, como a conferência anual do PNL2027, ou outros realizados pelo país, sejam transmitidos e permaneçam acessíveis online, para a disseminação do conhecimento. Um bom exemplo internacional é o Seminário Lee Iberoamerica Lee, que aconteceu por estes dias em Madrid, mas ao qual se pôde (e pode ainda) assistir no mundo inteiro. 
Porém, quando falamos de formação específica sobre livros para a infância, como é o caso das próximas que irei dinamizar, no início de junho, na Biblioteca Municipal de Loulé e no CFAE do Litoral Alentejano / Agrupamento de Escolas de Santo André, concordarão que nunca o virtual poderá substituir a riqueza das possibilidades que o presencial nos dá. Iremos observar, tocar, folhear, cheirar, espreitar, mergulhar, ler, inferir, voltar atrás, reler, analisar, relacionar, refletir, dialogar, cotejar, avaliar, escolher de forma mais consciente. 
Espero que os livros que levo na mala nos permitam voltar a esse olhar curioso, atento e maravilhado da infância!

quinta-feira, 27 de abril de 2023

OBSERVATÓRIO DE LEITURA

 


Foram conhecidas no passado domingo, Dia Mundial do Livro, as obras publicadas em 2022 e premiadas pelo Observatório de Leitura com os selos Distinção, Seleção e Menção Honrosa António Torrado. 
Assim:






Criado no ano passado pela Câmara Municipal de Pombal, no seguimento do trabalho levado a cabo por este município desde 2002 com os encontros Caminhos de Leitura (inicialmente denominados Carreirinho de Leituras, e que este ano chegam à sua XX edição), este organismo tem como objetivos "difundir e promover a literatura para a infância e juventude, os escritores, ilustradores e editores, proporcionando a troca de conhecimento editorial e projetando os autores nos territórios da CPLP". Poderá ler mais acerca do Observatório nesta notícia do jornal Público.


Fazia falta um organismo desta natureza, unindo os países de língua portuguesa através de algo primordial, mas frequentemente tão desvalorizado, como a literatura para a infância e juventude. O Observatório de Leitura deu este ano os seus primeiros passos, mas adivinham-se já repercussões positivas no campo da editoria e noutras áreas, que certamente se multiplicarão em número e em importância nos próximos anos. 

Pessoalmente, destaco as nossas reuniões presenciais, sempre tão agradáveis e interessantes, com debates de ideias e temáticas e o consequente enriquecimento das leituras individuais. Em junho serão entregues os Selos Caminhos de Leitura. De seguida, iniciar-se-á o processo conducente à análise das obras publicadas em 2023. Creio que já estamos todos com vontade de retomar as nossas conversas em torno dos livros!

Aqui poderá conhecer melhor as obras premiadas, através das respetivas resenhas. 

Porque este blogue também funciona como um armazém / arquivo pessoal, deixo aqui, não com o intuito de as exibir, mas de as conservar, as resenhas dos livros premiados escritas por mim:




ASSIM ou ASSADO?

 

Escritora: María Pascual de la Torre | Ilustradora: María Pascual de la Torre | Tradutora: Elisabete Ramos

Editora: Kalandraka | Ano de publicação: 2022 | N.º de páginas: 22

Resenhista: Paula Cusati


Ideal para a leitura partilhada, este livro-álbum cartonado retrata, com humor, um dia na vida de uma pequena criança, desde o acordar, ao comer, vestir, fazer chichi, passear, arrumar os brinquedos, até ao adormecer. Desenganem-se os que pensam que é um “livro para” ensinar a rotina do bebé. O pequeno protagonista subverte os habituais modos de realizar as diferentes tarefas, propondo divertidas variações, a começar pela capa, num permanente jogo de experimentação e questionamento. A cada página, o leitor assiste às inúmeras tentativas e às imensas possibilidades do fazer, e é convidado a participar num diálogo com o protagonista, com a obra e com a sua própria vida: “Como gostas de dormir, tu aí?”, “Como gostas de comer, tu aí?”

Um livro com diferentes níveis de leitura, com detalhes preciosos nas ilustrações minuciosas a lápis de cor, leva os jovens leitores e os seus pais, com um sorriso, à identificação com o protagonista e a sua família. O paralelismo entre a dupla página inicial e a final, nas posições assumidas na hora de dormir, bem como na biblioteca pessoal espalhada pelo chão, e que reconhecemos, fazem nascer a questão: quem terá adormecido primeiro?

 

Obs.: Pertence à coleção "Livros para sonhar"

Palavras-chave: quotidiano, infância, jogo, questionamento, experimentação.






LIVRO DO OUTONO

 

Escritora: Isabel Peixeiro | Ilustrador: Vitor Hugo Matos

Editora: UPA Editora | Ano de publicação: 2022 | N.º de páginas: 24

Resenhista: Paula Cusati

 

A chuva que bate à janela numa manhã de outono é convite suficientemente sedutor para saltar da cama e ir brincar lá para fora, seguindo o rasto do caracol, saboreando o tempo lento, pisando as folhas caídas ou chapinhando nas poças. Neste livro cartonado, oblongo, de cantos redondos, o breve poema de Isabel Peixeiro (editora que se estreia no seu próprio catálogo) é acompanhado de forma graciosa pelas ilustrações de Vitor Hugo Matos (técnica mista: colagem e digital), num interessante contraste cromático entre as cores quentes das folhas outoniças ou da roupa da criança protagonista e os tons frios do céu chuvoso e nublado. 

 

Palavras-chave: infância, jogo, natureza, outono, liberdade.






Confia Na Mudança

 

Escritora: Margarida Fonseca Santos | Ilustração da capa: Corcoise | Paginação e capa: Raquel Silva

Editora: Fábula | Ano de publicação: 2022 | N.º de páginas: 128

Resenhista: Paula Cusati

 

Durante a pandemia, a família de Carolina muda tudo: casa, cidade, emprego e escola. É uma mudança voluntária e que agrada aos três, pois estarão mais perto da natureza e a fazer o que gostam, longe do caos citadino, embora implique a integração da jovem numa turma já coesa e unida, o que se lhe afigura difícil. Os seus piores receios não se confirmam e Carolina rapidamente tece laços de amizade com três colegas: o Gonçalo, a Sofia e o Francisco, tornando-se inseparáveis. Tudo corre bem. A turma anda entusiasmadíssima com um projeto intergeracional, até que ocorre uma ulterior mudança, bastante mais desafiante. O professor preferido tem de ser operado e é substituído pelo stôr Ezequiel. Amargo e agressivo, este humilha os alunos, destrói a harmonia da turma e ameaça acabar com o projeto. Carolina e os colegas são obrigados a crescer na tentativa de travar o novo professor.

Novela/romance juvenil habilmente contada/o a quatro vozes, numa alternância fluente, com uma escrita fluida e genuína, plasmada também graficamente, por exemplo, através das páginas dos diários de dois dos protagonistas. Este nono volume da coleção “A escolha é minha” mantém a frescura dos diálogos e a abordagem franca, dotada de sensibilidade e profundidade, dos temas, bem como das vulnerabilidades e das dores de crescimento próprias da adolescência.

 

Obs.: Pertence à coleção "A Escolha é Minha" (9º volume)


Palavras-chave: juvenil, adolescência, escola, mudança, crescer.



Por último, a sugestão de leitura de um dos livros informativos analisados:


O MUNDO DE SOFIA 

NOVELA GRÁFICA 

VOL. 1

 

Escritor: Vincent Zabus a partir da obra de Jostein Gaarder | Ilustrador: Nicoby | Tradutor: Diogo Paiva

Editora: Elsinore | Ano de publicação: 2022 | N.º de páginas: 268

Resenhista: Paula Cusati

 

Hábil e bem-humorada adaptação ilustrada da obra do autor norueguês Jostein Gaarder, publicada originalmente em 1991, este livro informativo é o primeiro volume da novela gráfica e tem como subtítulo "A Filosofia de Sócrates a Galileu", cobrindo o período desde o nascimento da filosofia até ao século XVII. Os autores (do argumento e da ilustração) mantém a qualidade e originalidade do livro de Gaarder, acrescentando-lhe uma estrutura mais leve e atualidade, nomeadamente, na introdução de diálogos em torno de temáticas como as alterações climáticas, a globalização, as redes sociais, a desinformação, o feminismo, ou a pandemia, entrelaçando-os inteligentemente com os conteúdos filosóficos.

 

Palavras-chave: banda desenhada, história da filosofia, questionamento, pensamento crítico, observação.