Onde se guardam leituras, pensamentos, ideias e imagens sobre os livros e a sua mediação.
sábado, 10 de dezembro de 2022
N´O Bichinho de Conto
domingo, 27 de novembro de 2022
VIVA O BLOGUE! 10º ANIVERSÁRIO DO PEQUENO ARMAZÉM DE PALAVRAS
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
10 ANOS DE GRANDES HISTÓRIAS PARA PEQUENOS LEITORES
Na semana passada comecei mais uma temporada das GRANDES HISTÓRIAS PARA PEQUENOS LEITORES. O primeiro dos 18 encontros em 2022/ 2023. Será o 11º ano letivo consecutivo no Jardim de Infância "O Sabichão" deste que é o meu projeto continuado mais antigo.
Dez anos passados, há muitos agradecimentos a fazer:
Primeiro à Carminho Rodrigues, a diretora d'O Sabichão, que há 11 anos me contactou para eu ir contar histórias mensalmente aos alunos do pré-escolar, e que aceitou a minha contraproposta (custeando-a no primeiro ano) de um verdadeiro projeto de mediação da leitura com pequenos leitores.
São pequenos só pelo tamanho, pela idade, já que são, na verdade, Leitores capazes de grandes leituras. Não me parece que o termo pré-leitores seja o mais correto e ainda não encontrei um que me satisfaça plenamente. Já discuti este assunto várias vezes com outras mediadoras que também não concordam com esta designação, como a Maria José Mackaj, e noutras ocasiões com a Mafalda Milhões e a Cristina Taquelim, e nunca chegámos a um consenso. Também não me agrada o termo leitor emergente. Nesta fase do seu desenvolvimento, embora as crianças ainda não dominem a descodificação pertinente à alfabetização, já são capazes de realizar uma série de operações por vezes muito complexas de construção de sentido a partir dos elementos paratextuais (capa, contracapa, guardas, formato, materialidade, etc), das ilustrações e do texto que lhes é lido em voz alta pelo adulto. E isso é já ser leitor de pleno direito. O conceito de leitura a partir do qual trabalho tem mais a ver com a construção de sentido do que com a alfabetização, isto é, com a noção de Poder e querer ler. Mas esta conversa daria outro post. Avancemos!
Depois à Educadora Maria João Machado, parceira e cúmplice desde a primeira hora. A João entende a natureza deste trabalho que passa pela observação pormenorizada, pela releitura, pelas conversas demoradas, pela escuta atenta por parte dos adultos do que têm para dizer as crianças, num Tempo lento, feito de coisas pequenas e de livros de grande qualidade estética e literária. Entende, valoriza e amplia esse trabalho, no tempo entre os nossos encontros.
Às auxiliares, nos primeiros anos, a Sofia, e, depois, a Bete, pela ajuda constante e pelos olhos deslumbrados pelos leitores e pelos livros.
Às famílias, por acreditarem na importância das GRANDES HISTÓRIAS PARA PEQUENOS LEITORES e continuarem a escolher e a pagar este projeto, ano após ano.
Às crianças com quem nestes 10 anos letivos, no JI O Sabichão, nos temos maravilhado, lido, relido com grande atenção, dialogado e construído sentidos para os livros e para a vida. Tantas conversas profundas em redor dos livros! Com estas crianças tenho aprendido a ver / ler melhor, a escutar. Com elas aprendi que nunca se é pequeno demais para contemplar o mundo e a literatura e para chegar ao âmago das Grandes Histórias e das questões que as habitam.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
As Guardas: Guardas de Tesouros XXXIX
guardas iniciais |
sexta-feira, 23 de setembro de 2022
As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVIII
guardas iniciais |
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVII
guardas iniciais |
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
Oficina de Leitura e Escrita por correspondência
uma das cartas da OLE |
carta enviada a uma das alunas da OLE no 2º confinamento |
Aqui um excerto:
Maria, estou muito feliz com a tua participação na OLE à distância. Vejo-te bem-disposta, interessada e sempre com vontade de pensar e descobrir coisas novas. Também gostei muito de receber a tua carta e ler as tuas reflexões e novidades. Fico feliz por saber que estás a gostar dos livros.
Juntamente
com a carta, recebes mais dois textos. Desta vez não os leias nem coles no
caderno da OLE antes do nosso próximo encontro online. Para além disso, vão no saco mais dois livros
que escolhi para ti. Espero que te agradem. Lê-os à vontade. Não terás que
responder a quaisquer perguntas ou desafios sobre estes livros. São para a tua leitura autónoma.
Tenho
uma surpresa para ti, para que possas constatar que um jardim pode assumir
muitas formas. Talvez reconheças esta folha. É de uma Ginkgo Biloba. Esta repousava aos pés da sua árvore-mãe numa
das ruas de Santiago, já dourada pelo outono. Pensei que era uma pena deixá-la ali
abandonada, à mercê das intempéries. Trouxe-a para casa e dei-lhe outro lar,
entre as páginas de um dos meus livros. Hoje abri esse livro, e de dentro dele
a folha veio a esvoaçar para perto do meu computador. Pensei: “Vou oferecê-la à
Maria, pois um jardim também pode morar entre as páginas de um livro ou de um
caderno. Nos meus moram folhas de Ginkgo Biloba, sardinheiras,
ervilhas-de-cheiro, flores de alfazema…” Que esta folha possa ser o início de
um jardim que habita os teus livros ou cadernos. Se quiseres, podes mesmo
construir um herbário, ou, se já tens um, juntá-la à tua coleção. Abre bem os
olhos! A cada passo que dás, descobrirás maravilhas.
Um beijinho,
Paula
quinta-feira, 8 de setembro de 2022
Um desejo para o novo ano letivo
dente-de-leão; dandelion; soffione |
Que todas as escolas sejam verdadeiros lugares de leitura!
Porque a educação e a literacia são mais necessárias do que nunca, após dois anos de pandemia e com o consequente agravamento das desigualdades a todos os níveis, num mundo assolado pelas alterações climáticas, pela desinformação e pelo populismo, pela guerra.
Porque é tempo de parar, pensar no que aprendemos nos últimos anos e fazer diferente, fazer melhor.
Porque há que pensar os lugares de leitura como sistemas em perpétuo movimento, em que cada elemento é fundamental e se relaciona com os restantes de forma dinâmica. Um só elemento não constitui um lugar de leitura e a falta de um dos elos desse sistema compromete enormemente a qualidade das experiências de leitura que aí acontecem.
Porque é urgente que unamos forças para pensarmos os lugares de leitura e, sobretudo, para imaginarmos e construirmos um mundo melhor para todos.
terça-feira, 6 de setembro de 2022
As Guardas: Guardiãs de Tesouros XXXVI
quinta-feira, 1 de setembro de 2022
Ecos Andarilhos II
Ecos Andarilhos I
A 16ª edição das Palavras Andarilhas marca um novo rumo para este Festival da Palavra lida, escutada e contada. Desde o primeiro momento, em 1999, as Palavras Andarilhas sempre tiveram na figura da Cristina Taquelim a sua grande artífice (inicialmente, ao lado do grande Figueira Mestre - até à sua morte). E esta foi a primeira edição sem a Cristina na programação e produção das Andarilhas.
Por estar a viver em Itália (de 1999 a 2006), apenas em 2007 comecei a ser Andarilha. Desde aí, nunca mais deixei de ir a esse "grande momento de aprendizagem coletiva, em torno da promoção da leitura, da narração oral e da literatura." Assisti, assim, a 8 destas 16 edições, e constatei como, de cada vez, o Festival se ia transformando e melhorando, como o pensamento que lhe dava estrutura e sustento era dinâmico e, sobretudo, guiado pela atenção às necessidades da população do concelho de Beja e pela busca da melhor forma de serviço público. A saída da cave da Biblioteca José Saramago para a Praça da República e depois para o Jardim Público, onde ainda permanece, revelam a preocupação de levar o festival à comunidade, de maneira a que não ficasse restrito às centenas de mediadores que vinham de todo o país para escutar e aprender com narradores, escritores, mediadores, ilustradores, tradutores, etc. Já aqui escrevi que o que vivíamos em Beja naqueles 3 dias dava-nos alento para o ano inteiro.
Todos os fios invisíveis que uniam as diferentes áreas de programação no desenho dos inúmeros eventos expositivos, formativos e performativos eram tecidos pelas sábias mãos da Cristina Taquelim. Em ninguém como nela vi (e vejo) um entendimento da promoção de leitura como um compromisso cívico, e como um todo, pensado de forma transversal. As exposições (muitas delas com a curadoria da Mafalda Milhões) inauguradas na cave por altura das Palavras Andarilhas eram lugares de leitura para o trabalho com escolas e famílias durante todo o ano letivo seguinte. Os conferencistas e os especialistas convidados a dinamizar as oficinas eram chamados pela sua competência em campos específicos, de modo a ajudar a pensar e suprir necessidades reveladas no trabalho de mediação do ano anterior ou como sustento para novos projetos a implementar. Ali escutámos tantas pessoas importantes para o nosso crescimento pessoal e profissional (nomeá-las a todos seria quase impossível, dada a vastidão da lista de participantes de cada edição).
Em suma, todos nós, mediadores de leitura e narradores portugueses, somos devedores à Mulher-Palavra, pelo tanto que com ela aprendemos e pelo seu exemplo. Solto daqui o meu aplauso à grande Cristina Taquelim, que deixou no final de 2019 a função pública, mas nunca deixou o serviço público. E acho uma injustiça que a tenham nomeado tão poucas vezes no palco das Andarilhas deste ano.
Que as novas Palavras Andarilhas saibam honrar o seu legado.
domingo, 7 de agosto de 2022
Ana Luísa Amaral (1956-2022)
Morreu ontem Ana Luísa Amaral. Bem sei que a obra permanece, mas quando morre um poeta, o mundo fica mais cinzento e menos nítido. A notícia brusca da sua morte trouxe-nos um sentimento de orfandade.
Numa entrevista ao Expresso, publicada originalmente a 29 de maio de 2019 e agora reproposta no site do jornal, a poeta dizia:
"A poesia de facto não serve para nada, não tem uma aplicação prática. Com a poesia não se faz uma mesa, não se constrói uma casa. Mas ela é absolutamente fundamental, porque, como toda a arte, assiste-lhe não o pragmatismo, mas o simbólico, e nós, humanos, precisamos do simbólico, que passa sempre pela nossa relação com os outros. Precisamos dele como precisamos de comer ou de dormir."
Ao longo do dia de ontem, a sua obra foi tomando conta do Facebook, pelo menos de muitas das pessoas que sigo. E fui lendo e relendo e senti-me menos órfã. É muito bonito ver que poemas seus escolhem para a homenagear! Quis guardar aqui alguns desses poemas, bem como os links para programas de rádio e de televisão com Ana Luísa Amaral, para a ela e à sua poesia poder mais facilmente regressar.
Na impossibilidade de colocar aqui todos, escolhi 3 desses poemas:
Testamento
Vou partir de avião
E o medo das alturas misturado comigo
Faz-me tomar calmantes
E ter sonhos confusos
Se eu morrer
Quero que a minha filha não se esqueça de mim
Que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
E que lhe ofereçam fantasia
Mais que um horário certo
Ou uma cama bem feita
Dêem-lhe amor e ver
Dentro das coisas
Sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
Em vez de lhe ensinarem contas de somar
E a descascar batatas
Preparem minha filha para a vida
Se eu morrer de avião
E ficar despegada do meu corpo
E for átomo livre lá no céu
Que se lembre de mim
A minha filha
E mais tarde que diga à sua filha
Que eu voei lá no céu
E fui contentamento deslumbrado
Ao ver na sua casa as contas de somar erradas
E as batatas no saco esquecidas
E íntegras.
Prece no Mediterrâneo
(do mural da professora Guilhermina Rebocho)
Graças às maravilhas da tecnologia, podemos continuar a escutá-la em algumas moradas virtuais, como, por exemplo:
- os 255 episódios (de cerca de 15 minutos) disponíveis desse verdadeiro curso de poesia do mundo que é o programa "O som que os versos fazem quando abrem", onde Ana Luísa Amaral conversa com Luís Caetano sobre poesia.
- os primeiros 46 minutos da conferência Vale a pena ler, Festival Antena 2, em 2017.
- o podcast do Encontro de Leituras, o clube conjunto do jornal Público com o brasileiro Folha de S. Paulo.
- o episódio de 15 de julho de 2022 de A Ronda da Noite, em que conversa com Luís Caetano a propósito do seu último livro, O olhar diagonal das coisas.
- a Grande Entrevista, que passou ontem na RTP3.
terça-feira, 19 de julho de 2022
O valor da lentidão
Em Elogio da Lentidão, pequeno ensaio de Lamberto Maffei (o primeiro dos 3 publicados pelas Edições 70, a que se seguiram O Elogio da Palavra e O Elogio da Rebeldia), o médico, neurobiólogo e investigador italiano convida-nos a refletir acerca da importância do pensamento lento na era da velocidade e da abundância estonteante de estímulos visuais e cognitivos. Sem demonizar o pensamento rápido, aliás ancestral e essencial à sobrevivência do ser humano, Maffei sugere que regressemos «ao ritmo lento da linguagem falada e escrita». Pois será que desejamos apenas sobreviver?
Recorda-nos que se o ócio (do latim otium, contraposto «à palavra negotium, "negócio", entendida como atividade laboral») adquiriu uma interpretação negativa, associado à preguiça e à passividade, na verdade era, na essência, «entendido como tempo livre para a reflexão, para o estudo, para o pensamento». Na época da pressa e dos números, tempo de valor incalculável para todos nós, mas ainda mais fulcral para os criativos e para quem trabalha nas áreas da educação e da cultura, diria eu. Este pensar que antecede o fazer. O pensamento ligado ao raciocínio, à memória, à dúvida, à exploração, à reflexão e à crítica, e que é, necessariamente, lento. O pensamento do encontro, do diálogo e da leitura profunda.
Lamberto Maffei convoca outros autores, como Italo Calvino (Seis propostas para o próximo milénio: Lições Americanas), Daniel Kahneman (Pensar, depressa e devagar), Zygmunt Bauman (vários) e Martha Nussbaum (Sem fins lucrativos: Porque precisa a democracia das humanidades), levando-nos inevitavelmente a (revisitar) outras leituras e reflexões.
Achei particularmente interessantes os capítulos "IV - Bulimia de consumos, anorexia de valores" e "V - Criatividade". Primeiro, pela consciencialização de que «o consumismo é filho do pensamento rápido, pois também o consumo deve ser rápido para mudar o desejo de forma igualmente rápida e voltar a comprar» e que a formação de cidadão críticos levaria quase certamente à defesa de «uma economia da sobriedade e da sustentabilidade.» Depois, pelo alerta sobre aquilo que Maffei designa um cérebro "globalizado" e a necessidade no mundo atual do pensamento divergente, não só do artista e do cientista, mas de todos nós.
P.S. Esta é uma questão fulcral na minha vida pessoal e profissional. Sobre o valor da lentidão, já aqui falei em 2014:
https://mediarleituras.blogspot.com/2014/06/rubem-alves-o-vagar-curiosidade-o-amor.html
https://mediarleituras.blogspot.com/2014/06/pedagogia-da-lentidao.html
sexta-feira, 8 de julho de 2022
UMA OFICINA DE LEITURA E ESCRITA COM O MAR POR HORIZONTE
«A leitura é um processo de humanização pela capacidade que oferece de linguagem, de pensamento e de reflexão. Leva a uma mudança de aspiração na vida, pois lendo você descobre que há outros caminhos, outras opções.»
Eliana Yunes
Realizámos a última de 18 sessões na praia de Sines, fazendo jus ao título do projeto. No alto da escadaria que subimos para regressar à escola, deparámo-nos com a linha do horizonte sobre a imensidão do mar. Enquanto registávamos fotograficamente aquele momento, ao relembrar aos alunos porque decidira assim nomear a nossa oficina, refleti em como este projeto alargara verdadeiramente os horizontes de vida destas crianças. Ao ler, escrever e dialogar sobre o lido e escrito, o mundo dos alunos do 3º B expandira-se grandemente em poucos meses. Pensei nas palavras da conferência de Eliana Yunes na semana anterior no XIX Encontro de Literatura Infantojuvenil Caminhos de Leitura, em Pombal: “uma vez leitor, sempre leitor. E uma vez descoberto o segredo de saber o que não se sabia, impossível parar, a não ser por acidente”.
Estivemos um ano (letivo) inteiro envolvidos num projeto de promoção e mediação da leitura e da escrita, financiado pela candidatura de recuperação das aprendizagens, (RE)LER com a Biblioteca, da Rede de Bibliotecas Escolares, numa escola que pertence ao programa TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária): “a ver, ler, descobrir, escrever”.
Tenho tanto a dizer e a escrever sobre este projeto! Mas isso ficará para o regresso ao trabalho após as férias de verão. Por hoje, quero apenas expressar a imensa alegria e gratidão pelo convite da professora Maria de Fátima Nunes a pensar e a dinamizar as sessões da Oficina de Leitura e Escrita com estas crianças.
A aposta feita num projeto de mediação da leitura e da escrita prolongado no tempo e com caráter regular demonstrou-se extremamente acertada. Só desta forma foi possível acompanhar o crescimento dos alunos enquanto leitores e escritores e construir uma relação de confiança, cumplicidade e afeto entre a mediadora e as crianças, capazes, assim, de se entregarem ao prazer da leitura, de questionar e interpretar os livros, de enfrentar as dificuldades inerentes à escrita e de criar os seus próprios textos. Os bons resultados obtidos só foram possíveis devido à total colaboração, bem como presença e apoio constante da professora titular, Rute Torres, das professoras bibliotecárias, Maria de Fátima Nunes e Rosa Martins (que também dinamizaram algumas sessões em semanas em que não tocava à mediadora) e das docentes de apoio, Maria João Lopes e Orlanda Ramos. E não posso deixar de agradecer do fundo do coração às autoras que enriqueceram este projeto e participaram em encontros memoráveis para estes leitores / escritores: Cristina Taquelim e Mafalda Milhões (por carta e online) e Carla Maia de Almeida (presencialmente). A minha profunda gratidão a todas!
A metodologia da Oficina de Leitura e Escrita nos seus momentos essenciais (a saber: leitura, releitura, diálogo, escrita, partilha, leitura autónoma), tal como a desenvolvo desde 2014, provou-se muito eficaz também em grupos maiores (turma) em sala de aula e, como neste caso, com uma turma com grandes e reconhecidas dificuldades ao nível da aprendizagem da leitura e da escrita que motivaram a candidatura ao programa (RE)LER da RBE no final do ano letivo 2020/2021.
Apesar de a turma ainda revelar dificuldades ao nível das aprendizagens curriculares esperadas para um 3º ano, os resultados falam por si, a saber:
- Grande evolução na compreensão leitora, concretamente da capacidade de leitura da narrativa visual e da narrativa textual, encontrando-se os alunos, neste aspeto, no final do ano letivo, a par ou mais avançados do que a média dos alunos que frequentam o mesmo ano de escolaridade.
- Grande evolução na relação
afetiva e estética com a literatura para a infância de qualidade, tendo os
alunos lido de forma partilhada, isto é, com a mediadora, ou autónoma, cerca de
50 livros de reconhecida qualidade literária e estética cada um em 2021/2022.
- Bom progresso na competência de
escrita (em quase todos os alunos, com exceção de 4 alunos que ainda não
dominam a leitura e a escrita, quando no início do ano letivo o panorama era exatamente o oposto, isto é, poucos eram os que conseguiam ler e escrever), visível na autonomia com que escrevem e na
vontade de escrever no caderno, mesmo quando a mediadora não o solicita.
- Ampliação do vocabulário, domínio e fluência cada vez maior da linguagem oral e escrita, a apontar ao
contacto regular com a literatura para a infância de qualidade e à prática
continuada do diálogo em tono do lido e da escrita. A leitura tornou-se escrita e a escrita fomentou a
leitura, incentivando-se e influenciando-se mutuamente.
- Crescente valorização pessoal e
reconhecimento dos alunos perante si próprios e perante a turma, enquanto
leitores e escritores.
A evolução dos alunos nestes
diferentes campos é reconhecida pela mediadora, pela docente titular, Rute
Torres, pelas professoras bibliotecárias, Rosa Martins e Maria de Fátima Nunes,
bem como pelos próprios alunos, a quem foi pedido que avaliassem o projeto.
Algumas das suas considerações registadas nos cadernos pessoais do (RE)MAR:
“Eu acho que evoluí como leitor e escritor, porque eu não gostava de ler, nem escrever, mas (...) percebi que ler e escrever é muito bom para a nossa alma e a nossa mente.”
“Eu acho que evoluí como leitora e escritora, porque eu antes achava que não conseguia fazer textos grandes e agora já consigo.”
“Eu não acreditava que ler era bom, mas agora gosto de ler os livros. E gostei muito destes 18 encontros com a Paula. E também com as autoras Cristina Taquelim e Mafalda Milhões e a escritora Carla Maia de Almeida.”
domingo, 3 de julho de 2022
OBSERVATÓRIO DE LEITURA E ANTÓNIO TORRADO
Os Caminhos de Leitura continuam a crescer. Não se limitam a nutrir e inspirar anualmente os muitos mediadores de leitura de todo o país que rumam a Pombal para o Encontro de Literatura Infantojuvenil. Querem ir mais longe e mais fundo, fomentando a reflexão permanente em torno da seleção de bons livros.
Na abertura da edição deste ano, foi anunciada a criação de um Observatório de Leitura, composto por 10 especialistas que irão analisar, discutir e distinguir os melhores livros para a infância publicados em todos os países de língua portuguesa com exceção do Brasil, pois a Cátedra Unesco de Leitura da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, entidade parceira e inspiradora o projeto português, já faz esse estudo e seleção relativamente aos livros produzidos anualmente no Brasil desde 2016. A representar a Cátedra Unesco de Leitura, a professora Eliana Yunes explicou, de forma sucinta, o interessante trabalho de análise e estudo aprofundado dos livros publicados no Brasil para a sua posterior seleção e distinção.
Mafalda Milhões, Benita Prieto e Eliana Yunes
O Observatório de Leitura será coordenado pelo Município de Pombal, mais concretamente, pelas Unidade de Cultura e Unidade de Projetos Educativos, e terá a coordenação técnica de Benita Prieto. Será constituído pelos seguintes elementos, alfabeticamente ordenados:
Margarida (Bru) Junça
segunda-feira, 27 de junho de 2022
NUNO MARÇAL e a BIBLIOMÓVEL
Ao longo dos próximos dias, irei escrever aqui sobre este Encontro de Literatura Infantojuvenil. Começo hoje com um elo que ficou a faltar no primeiro dia. A 23 de junho, após a conferência de abertura da professora Eliana Yunes, coube-me moderar o painel LEITURAS E LUGARES: PROJETOS E PRÁTICAS DE LEITURA. No palco, estiveram Rose Carneiro e Emanueli Unfer (Trilhos da Leitura - Rio Grande do Sul), Ana Sofia Marçal (Festival Literário "Maratona de Leitura"), Pep Duran Oller (Ler no Bosque - Bibliobosc al Montseny) e Elsa Serra (Na Rua com Histórias), que nos apresentaram os seus projetos inspiradores.
Bibliomóvel, do FB de Nuno Marçal |
Qual a ideia / necessidade que te levou a começar o projeto "Bibliomóvel"?