Com bem afirma o professor José Alfaro (que em 2009 nos deu a oportunidade de a ouvir numa das conferências da I edição da Pós-Graduação em Livro Infantil) não há melhor forma de a homenagear do que dar a ler Luísa Dacosta:
"um livro
Desejas
Um tapete mágico que num abrir e fechar de olhos,
te leve aos confins da Terra?
Uma máquina de viajar no tempo, para o futuro a haver, desconhecido,
para o passado histórico ou para aquele em que os animais falavam?
Companheiros para correrem contigo a aventura de mares ignorados
e de ilhas que os mapas não registam?
Conhecer mundos para além do nosso sistema solar,
a anos-luz da nossa galáxia, sem necessidade de foguetão?
Saber a idade de uma pedra ou os mistérios da realidade,
das águas, dos bichos, dos pássaros e das estrelas?
Descobrir a arca encantada, onde se guardam os vestidos "cor do tempo",
das princesas de era uma vez, aquelas que se transformavam em pombas
ou dormiam em caixões de cristal, à espera que o príncipe viesse despertá-las?
Desfolhar as pétalas do sonho no país da noite?
Abre um livro.
Um livro é tudo isso de cada vez e, às vezes, ao mesmo tempo.
Um livro permite-te contactar com outras imaginações, outras sensibilidades.
É a possibilidade de estares noutros lugares, sem abandonares o teu chão,
de ouvires pulsar outros corações, de vestires a pele humana de outro
ou outros sem deixares de seres tu.
E, com o livro, a varinha de condão não está na mão das fadas,
está em teu poder.
É do teu olhar, de cada vez que te dispões a ler,
que nascem aqueles mundos, caleidoscópicos, de maravilha
- e só desaparecem quando fechas o livro.
Mas, a um gesto do teu querer,
voltarão a surgir sempre, sempre, sempre..."
Luísa Dacosta, in
História com Recadinho, ed. Asa
Aconselho também o seu diário,
Na Água do Tempo, ed. Asa. E
aqui uma excelente entrevista à autora.