Para quem ainda tivesse dúvidas, esta infografia da organização ReadAloud.org vem confirmar minuciosamente a importância de ler em voz alta aos nossos filhos. Bastam 15 minutos por dia!
Onde se guardam leituras, pensamentos, ideias e imagens sobre os livros e a sua mediação.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Contos de Ratinhos, de Arnold Lobel
Haverá
momento mais doce do que aquele em que uma criança é acompanhada na
sua viagem até ao sono pelas histórias contadas pela voz de alguém
que ama? É assim que tem início este livro, e embora quem peça uma
história sejam sete ratinhos, reconhecemos neste ritual apaziguador
a nossa própria infância e a dos nossos filhos. Desta vez, porém,
o pai rato decide fazer algo ainda melhor: contará sete contos, um
por cada filho, se prometerem adormecer logo de seguida, o que os
ratinhos aceitam prontamente.
“O
poço dos desejos”, “Nuvens”, “O rato muito alto e o rato
muito baixo”, “O rato e os ventos”, “A viagem”, “O rato
muito velho” e “O banho” são narrativas breves com muitas
peripécias e obstáculos, mas com finais felizes, que encantam e
prendem a atenção dos leitores mais pequenos, pelo ritmo dado pela
contenção sintática e vocabular, pelos frequentes diálogos,
repetições, acumulações, humor, nonsense e suspense. A
componente pictórica não só complementa a narrativa verbal com
detalhe curioso e divertido (no índice inicial e ao longo de todo o
livro), mas expande-a , nomeadamente, quando no início localiza
espacialmente a ação numa casinha numa floresta coberta pela neve,
e no final, quando nos mostra o que faz o pai rato depois dos
pequenos terem adormecido. O caráter circular da diegese é
evidenciado pela ilustração redonda inicial que mostra o pai pronto
para contar à luz da vela e sete ratinhos bem despertos e que é
reproposta no final, quase como num jogo com o leitor, para que
descubra as diferenças e leia assim a passagem do tempo e o caminho
em direção ao sono e ao sonho.
Um
livro cheio de afetos e sorrisos para toda a família, que convida à
releitura atenta. Porém, os mais pequenos beneficiariam mais da sua
leitura se a tradução de Alexandre Honrado tivesse tido em conta
que este foi originalmente pensado como um “I CAN READ BOOK”, ou
seja, para ajudar no processo de aprendizagem da leitura.
Trinta
e um anos separam a edição em língua original (Mouse
Tales, 1972) da
sua publicação em Portugal, e Arnold Lobel, figura inquestionável
da Literatura Infanto-juvenil, dotado de um estilo essencial e
poético, capaz de abordar, sem moralismos, com grande simplicidade,
mas nunca de forma simplista, temáticas estruturantes para o
crescimento dos seus leitores como o conhecimento de si próprio e
dos outros, a família, a amizade, os medos, continua entre nós
amplamente desconhecido, com apenas mais 3 livros publicados, todos pela
mão da editora Kalandraka (Um
Porquinho, O
Tio Elefante, Sopa
de Rato).
Esperamos que 2014 nos traga as aventuras de Frog
and Toad!
Histórias de Ratinhos
Arnold Lobel
Lisboa: Kalandraka, 2003
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Bons Propósitos
Embora o primeiro mês de 2014 já esteja quase no fim, a verdade é que este é o primeiro post do novo ano e acredito que é importante começar com bons propósitos. Este parece-me perfeito:
LER AO MEU FILHO TODAS AS NOITES!
No dia 1 de Janeiro, assim escrevia Javier Salvatierra no El País:
LER AO MEU FILHO TODAS AS NOITES!
No dia 1 de Janeiro, assim escrevia Javier Salvatierra no El País:
"Parece unanimemente aceite que dedicar 15 minutos diários a ler em voz alta seja das melhores coisas que se podem fazer por e com uma criança. Não vou citar os benefícios intelectuais de tal atividade, nem os pormenores da formação da sua personalidade, do seu imaginário, nem a formação de hábitos saudáveis para o futuro. Limito-me ao prazer, para a criança e para o adulto, que supõe fazer do colo um trono e abrir uma janela infinita em apenas 15 minutos. Porque ler uma história a uma criança e, pelo que tenho visto, recebê-la, é um grande prazer. Constitui um momento especialmente íntimo e cúmplice, e poucas serão as ocasiões em que uma criança o rejeita: a atração estética dos livros álbum, alguns verdadeiras obras de arte; a simplicidade, aparente, das histórias; e, enfim, a magia que sempre tem o colo da mãe, do pai ou de quem quer que seja o contador de histórias constituem um chamariz quase irresistível, mesmo em tempos de ecrãs omnipresentes."